O parlamentar faz questão de frisar que a regulação dos meios de comunicação que defende nada tem nada a ver com a censura. “Queremos, como bem diz Venício de Lima, a horizontalização da propriedade dos meios de comunicação, de forma a ampliar na mídia a presença de novas vozes – até hoje descartadas”, resume.

Para o jornalista e parlamentar, o direito à comunicação não pode ser unilateral, por parte dos conglomerados de comunicação. “Precisamos garantir que fontes plurais sejam contempladas e que o direito de se expressar nos meios de comunicação não se restrinja a poucas famílias e a seu núcleo central, que pretende ditar a todos o que é o Brasil”.

Monopólio do discurso

Avesso ao que chama de “monopólio do discurso”, que alija as periferias, os pobres, os negros, os índios e inúmeras minorias da mídia, o deputado se diz contra a propriedade cruzada de meios. “Como é possível admitir que um mesmo grupo detenha de um blog a uma televisão? Que controle desde o noticiário ao conteúdo de entretenimento?”, pergunta-se. Para ele, o tema central da regulação é contrapor-se ao monopólio na mídia. “Só assim conseguiremos aprofundar a democracia”, conclui.

Para Emiliano José, não só a concentração de poder nas mãos de poucos é algo a ser temido, como, ainda, a prática corriqueira da manipulação da informação em prol de um projeto político específico. “A mídia brasileira é uma das mais partidarizadas que existem. Ela possui um projeto conservador e neoliberal para o Brasil, que vem defendendo há décadas”, afirma.

O jornalista cita a participação das famílias proprietárias de meios de comunicação em tentativas de golpes desde Getúlio Vargas, passando por 1954, e o apoio explícito a candidatos, como Fernando Collor, em 1989, e Fernando Henrique Cardoso, 1994 e em 1998. “O que afirmo não é exagero. O envolvimento dessas famílias não se deu apenas no nível do discurso, mas na articulação de movimentos e na cumplicidade com o regime”, afirma.

Partido da mídia golpista

Para ele, o “partido da mídia golpista” foi, na ditadura militar, cúmplice de um regime de morte. “A conivência com o poder àquela época era tamanha que seus jornais registravam em suas páginas as cândidas versões oficiais de nossos companheiros mortos pela brutalidade da tortura: seus títulos registravam atropelamentos e suicídios, aos invés do tratamento de terror que recebiam”.

Segundo o deputado, com anos de atuação como jornalista em veículos como a Tribuna, o Jornal da Bahia, Estado de São Paulo, jornal o Movimento, um dos aspectos mais perigosos do que ocorre hoje na mídia é que a visão de mundo dos patrões é compartilhada por vários colunistas. “Há um caldo cultura que é incentivado e reproduzido por vários jornalistas”, denuncia.

Para o deputado, se a mídia se assumisse oficialmente enquanto um partido e se, de fato, produzisse um jornalismo “trivial”, isto é, que se ativesse aos fatos, já seria um grande passo. “No entanto, a total inexistência de regras permite que sequer seus manuais de redação sejam obedecidos”, argumenta.

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Fonte: Blog do Zé Dirceu