Quebrando o texto protocolar, o presidente Humala, após jurar pela Pátria, pela soberania nacional, pela ordem constitucional, a integridade física e moral da República, acrescentou: “honrando o espírito dos princípios e valores da Constituição de 1979”.

Foi o suficiente para que, descontrolada, a deputada fujimorista Marta Chavez saísse aos berros, durante todo o discurso presidencial chamando-o de “usurpador” e dizendo que ele “não era presidente”. Seu gesto levou a bancada de Gana Peru – aliança vitoriosa – a responder repetidas vezes “Humala presidente, sim se pode”. O que seria uma solenidade protocolar transformou-se num verdadeiro comício ante a quebra de decoro de integrantes da bancada fujimorista.

Durante todo o dia, após a posse, o tema central dos articulistas da imprensa conservadora foi o juramento presidencial e sua referência aos princípios da Constituição de 1979, qualificando-o de um ato “provocador”. Ouviu-se até a opinião do Presidente do Tribunal Constitucional, Carlos Mesía que assegurou que o acontecido, não afeta, no mínimo, a legitimidade do ato. No próprio dia em que Humala assume, as elites peruanas, usando seus porta-vozes buscaram criar um verdadeiro clima “golpista”, alegando pretensa ilegitimidade constitucional do juramento do presidente.

É bom lembrar que os fujimoristas fecharam o Congresso em 1992, quando vigorava a constituição de 1979 e estabeleceram de modo forçado, o chamado Congresso Constituinte Democrático, em 1993. Foi com base nesta constituição, que fez alterações substantivas no capítulo da ordem econômica, que se abriram os espaços para a implantação da orientação neoliberal no país.

Apesar dos incidentes, o clima em Lima era de festa popular com o pronunciamento do presidente pelas importantes medidas anunciadas, que se somaram ao espírito das comemorações pelos 190 dias da Pátria. Os anúncios mais festejados foram os que se referiram ao aumento do salário mínimo em 25% implementado parte no próximo mês de agosto e a outra em 2012; pensão especial para os mais idosos dos 800 distritos mais pobres e para as crianças de 0 a 3 anos dos mesmos distritos; reorientação da produção de gás para o consumo interno; redução dos lucros extraordinários das empresas minerais; reforço da participação de empresas estatais nos investimentos entre muitas outras.

Durante todo o dia as ruas estiveram cheias, até a atividade à noite em frente ao Palácio do Governo, onde Humala e sua esposa saíram caminhando, o presidente em mangas de camisa, e foram saudar os presentes em cima de um palanque. Ao mesmo tempo delegações estrangeiras, corpo diplomático, parlamentares e representantes de diferentes partidos que apoiam o governo de Gana Peru foram apresentar suas congratulações ao presidente.

Junto à população que estava nas ruas, brasileiros presentes tiveram a oportunidade de presenciar o sentimento de carinho com o país. Quando escutavam “de Brasil” “Diziam: “Viva Lula!”

Jô Moraes e Ronaldo Carmona, de Lima