Carros
O Sinal abriu. Os carros começaram a passar o cruzamento. Um carro vermelho veio por entre os demais e, agilmente, sem cortar ninguém, mas ultrapassando a todos, passou tranqüilamente o sinal. Alguns carros que vinham bem mais atrás
O Sinal abriu. Os carros começaram a passar o cruzamento. Um carro vermelho veio por entre os demais e, agilmente, sem cortar ninguém, mas ultrapassando a todos, passou tranqüilamente o sinal. Alguns carros que vinham bem mais atrás
Jovens, eles têm energia pra dançar o dia todo. São ávidos pelo novo, pela aventura, desejam ser sujeitos dentro da realidade que os quer objetos. Quando chegamos, a escola estava destruída: banheiro queimado, janela de aço da
Em procissão, dez cães. No agreste, uma cadela no cio. De prazer e cansaço, um palmo de língua para fora dos lábios. Nas ruas, ninguém, exceto um jumento. Louca de languidez, julgava, assim, apenas ela e os machos. Dominada
Então, lá estava eu, nu e com um buquê de flores diante dela. Furiosa, de olhar fixo para meu entrecoxas, ela gritava em sua cólera de virgem: – Senhor Oliveira! O que o senhor pensa que é
Surgiu no vídeo dizendo-se apavorada. Acusou o candidato das oposições de ser um duas-caras, despreparado, capaz de levar o país à falência, à inflação, à antidemocracia, ao caos, ao reino de Hades. Boa parte da intelligentzia pronunciou-se decepcionada
No ônibus, um rapaz que passou debaixo da roleta recebeu o comentário de um passageiro: "Não trabalha porque não qué!". O rapaz nem deu bola. O ônibus seguia seu trajeto, lento, sacolejando num dia de sol, mas a
Um dia destes, quando eu estava indo a Brasília, uma dúvida avassaladora me tomou de assalto. Um tracinho se atravessou em meus pensamentos. Se eu vou a Brasília, levo ou não este tracinho? Penso daqui, penso de lá
Quando o sol chegou no horizonte e viu na lâmina d'água aquele barquinho, pensou numa pipoca boiando numa bacia – para logo depois espantar o absurdo e render-se à contemplação dos azuis. Ficou todo cheio de si,
No intervalo da ópera, uma mulher com olhar de romance medieval, acompanhada de todos os nove filhos que não tivemos, vinha em minha direção. Eu, órfão de palavras, passei um momento eterno dividido entre o clássico e o
Rua movimentada. Todos "correm" para não se sabe onde, para fazer não sabe o quê. Um sujeito se aproxima de outro com um olhar de familiaridade. – Oi, cara! Quanto tempo, heim? E sem permitir que