O ideal grego de beleza e saúde corporal tinha pés de barro, mostrou o arqueólogo Joseph Carter (da Universidade do Texas), que estudou 272 esqueletos de antigos colonos gregos de Metaponto, no sul da Itália. Esses homens, que viveram entre os anos 580 e 250 a. C., sofriam de malária, sífilis, doenças venéreas, tinham cáries, eram baixinhos devido à má alimentação, e tinham deformações ósseas causadas por desnutrição; sua idade média mal chegava aos 40 anos. Eram corpos de trabalhadores, pessoas comuns, e não de membros da elite dominante – estes sim, gente de vida mais cômoda, bem alimentados e saudáveis.

Outra pesquisa recente encontrou realidade semelhante no antigo Egito. A antropóloga egípcia Azza Sarry El Din estudou esqueletos de 162 pessoas que moravam no planalto de Gizé por volta do ano 2.000 a. C. “Os esqueletos dos trabalhadores”, diz ela, “indicam que eles eram desnutridos, doentes e sobrecarregados de trabalho. Os ossos das classes altas mostram que o privilégio significava melhor comida, menos doenças e vida mais longa”. Os trabalhadores, tinham suas espinhas dorsais “curvadas de tanto carregar peso. Havia inflamação óssea que causava incômodo”, problemas que apareciam também nas mulheres e nos filhos dos trabalhadores, que morriam entre os 18 e os 40 anos de idade. Os membros da elite, ao contrário, tinham vida mais saudável, e viviam até os 50 anos – e mesmo, alguns, até os 70 anos.

Buraco sem fundo

Europeus e americanos costumam acusar os países pobres de perdulários e inconsequentes. E os europeus acusam os americanos do mesmo mal. Agora, uma pesquisa do Rexecode – instituto ligado aos empresários franceses – mostrou que a dívida pública da Comunidade Econômica Européia também atinge “dimensões paquidérmicas”, como diz a revista L’Express: os doze países da CEE devem 3,8 trilhões de dólares, contra 3,3 dos EUA. A dívida americana representa 58% do PIB, enquanto a européia equivale a 62% do PIB do Velho Mundo.

Solidariedade a Cuba

O engenheiro sanitarista brasileiro Marcos Helano Montenegro, participou, em novembro passado, do XXIII Congresso Internacional de Ingenieria Sanitária e Ambiental, realizado em Havana, onde – “reconhecendo as significativas conquistas de Cuba na promoção da qualidade de vida de seu povo” e “a grave ameaça a estas conquistas que representa o bloqueio econômico, comercial e financeiro hoje imposto a Cuba”, apresentou uma moção, aprovada pelos delegados, para “condenar qualquer forma de embargo ou bloqueio econômico, financeiro ou comercial que atente contra a soberania de qualquer nação e que cause prejuízo ao desenvolvimento de seu povo na busca da concretização do direito inalienável de uma vida saudável e produtiva em harmonia com a natureza”.

Montenegro, hoje é assessor da prefeitura de Betim (MG) para saneamento e abastecimento de água, e é também presidente da Assemae – Associação Nacional dos Serviços Municipais de Águas e Esgoto.

O tamanho da pobreza

Um estudo recente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) mostrou que, em 1990, o Brasil tinha 14,4 milhões de famílias – 65 milhões de pessoas com renda inferior a meio salário-mínimo. Quase metade da população do país. Deles, 34 milhões não tinham recursos sequer para comer: são os chamados indigentes. “Isso significa”, diz o documento, “que em 1990, voltou aos patamares históricos em 1988, quando atingiu 39,2% da população.

Monarquia perde apoio

Monarquistas, atenção: o trono britânico, apontado como exemplo para o mundo – e para o Brasil –, vai mal. Pesquisa recente mostra que o apoio dos ingleses à casa de Windsor caiu verticalmente nos últimos dez anos: enquanto em 1984 74% dos ingleses achavam que a Grã-Bretanha não ficaria melhor sem a monarquia, em 1922 este número baixou para 55%.

EDIÇÃO 28, FEV/MAR/ABR, 1993, PÁGINAS 74