Acontece muitas vezes. Acontece de toparmos com uma pergunta difícil. Acontece. Foi assim com uma pobre estudante de artes plásticas. Em vias de entregar o trabalho de conclusão de curso, a pobre universitária foi abandonada pela fortuna quando um repórter do programa Fazendo Escola, da TV Cultura, (no ar sábado, 17/08/2002) cismou de fazer justo aquela pergunta, e a pergunta saiu. Fácil. Naturalmente.

      – O que você pretende expressar com sua arte?

      Com um trabalho em cima da bancada, um quadro cheio de linhas e cores, a pobre moça, que não pode responder, deixou sair um apenas – Sabe que você me pegou!

      Vendo aquela cena, não pude deixar de lembrar uma outra moça, uma moça pobre, uma trabalhadora de frente de trabalho do governo do estado, que há uns tempos atrás fora minha aluna. Certa vez, numa exposição de arte, após observarmos algumas esculturas, pedi aos alunos que se deixassem absorver por aquela expressão artística e procurassem o princípio motivador do artista. E então, caminhando ao lado da moça, perguntei se ela arriscava dizer o que significava aquele trabalho. Ao que ela respondeu:

      – Não é nada. Pra mim não significa nada!