No confronto com o dia,
trabalha-se o trigo.

Na ânsia de negar-se trigo
para afirmar-se pão
(ou bolo
ou ainda outra carne
que não trigo)

queima-se
em seu próprio findar
ante as coisas do cio.

Finda
nessa obsessão de consumir-se
no claro olho de sua semente
e nega-se a aceitar
sua própria existência e fim:
Trigo
que no mar de sua clausura
torna-se fruto obscuro
a findar-se
por querer ser algo além de trigo
– alimento que se trabalha
no afã de consumir-se.