A palavra
Entre a palavra escrita
e a não dita
há uma concordância:
A escrita, por sua própria
lapidez de pensamento,
diz do tudo somente um pouco
que do tudo deveria ser dito
e não move, por si, os gestos do mundo.
A não dita, tosca e
calada, cala na
boca do povo o muito
que do tudo deveria ser dito,
ainda que sendo palavra e língua.
Tudo se mostra, enfim, em seu abrigo:
O inaudível serve sua taça
aos que do grito
fazem um eco vazio.
O inquebrantável brado maldito
abre sua arca aos que do canto
fazem uma voz, um coro
– um eco em galope bravio!