Encerrada a batalha eleitoral de 2004, os campos políticos que se confrontaram nela procuram extrair lições, tendo em vista a agenda de 2006.

O resultado do pleito indica um relativo equilíbrio entre as forças políticas lideradas pelo presidente Lula e a oposição conservadora. Apesar da guerra de análises que esse tipo de resultado possibilita, um e outro campo têm consciência de que não houve “um grande vencedor”.

Os partidos da base governista, no geral, ampliaram seu número de votos e o contingente de prefeitos e vereadores. O PT, principal partido desse campo, ganhou em seis capitais e foi o mais votado em ambos os turnos. Em contrapartida, a oposição conservadora impôs-lhe revezes de vulto e venceu em centros urbanos importantes, como São Paulo e Porto Alegre. Com esses trunfos auferidos, a oposição neoliberal, liderada pelo PSDB, saiu desse embate reestruturada e com poder de aglutinação rejuvenescido.

Portanto, o veredito proclamado por setores da mídia de que houve uma derrota rotunda do governo não procede, nem certa análise do campo governista que não é capaz de apreender que “uma luz amarela foi acesa”, como metaforicamente alertou o presidente do PCdoB, Renato Rabelo.
Para 2006 se prenuncia uma acirrada disputa, na qual a reeleição do presidente Lula, relevante para os destinos do país, receberá duro combate da oposição neoliberal.

O governo Lula precisa ter sabedoria para recolher as lições das urnas e empreender os ajustes por elas indicados. As realizações destes dois primeiros anos de mandato são significativas, mas não bastam resultados medianos. As mudanças precisam avançar.

Isso significa, sobretudo, implementar um novo ciclo de desenvolvimento em ritmos e índices
compatíveis com as dimensões e as necessidades do país. É um equívoco manter o Brasil prisioneiro de uma política macroeconômica conservadora que o condena a um crescimento frágil e contido.
Se o governo optar – conforme o recado das urnas –, pela rota do desenvolvimento, elevará seu prestígio popular e demonstrará sua possibilidade de êxito, o que lhe dará melhores condições para aglutinar um amplo campo de forças partidárias e fortalecer o necessário respaldo de sua base social.

Comissão Editorial
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EDIÇÃO 76, DEZ/JAN, 2004-2005, PÁGINAS 3