Até os três primeiros séculos após o desembarque dos portugueses e espanhóis neste então novo mundo, as colônias se relacionavam exclusivamente com as coroas de Portugal e Espanha. Não havia entre os nascentes países nenhum intercâmbio.

Quando no decorrer do século XIX se dá a independência dos países da região as elites locais que se sucederam no poder, salvo raras exceções, exerceram o papel de vassalos das ex e das novas metrópoles.

Da tutela e domínios férreos das coroas ibéricas, a América do Sul cai na teia dos bancos ingleses e destes nas garras do imperialismo norte-americano. Os Estados Unidos para exercerem seu domínio sempre utilizaram governos entreguistas, subalternos, recrutados das classes dominantes locais.

A realidade promissora advinda das realizações dos governos de Lula no Brasil, Chávez na Venezuela, Kirchner na Argentina e da recente eleição de Tabaré Vazquez no Uruguai, associada ao vigor dos movimentos e lutas dos povos desta parte sul das Américas, alçou a integração sul-americana a um novo patamar de prioridade política.

Essas idéias permearam a mesa da conferência, onde ministros de Estado, representantes diplomáticos e lideranças sindicais e populares ofereceram uma análise dos progressos recentes, perspectivas e identificaram alguns obstáculos à consecução de projetos nacionais de desenvolvimento em consonância com a integração regional – dentro do atual contexto neoliberal e das pressões do imperialismo.

Marco Aurélio Garcia, assessor da presidência da República do Brasil, fez um relato das iniciativas implementadas pelo governo Lula para integrar política e economicamente a América do Sul. Aldo Rebelo, ministro da Coordenação Política e Assuntos Institucionais, expôs que o processo de integração de nossa região vem desde o tempo dos Libertadores da América; o Mercosul, como base inicial da atual integração, deve ser um projeto generoso; e nisso o Brasil tem papel fundamental. Jorge Luiz Duran Centeno, cônsul da Venezuela em São Paulo, destacou que a integração desta parte do mundo está inscrita na própria Constituição de seu país e o governo venezuelano está empenhado na promoção da união dos países e povos. Ele lembrou que, entre as atuais ações já firmadas, está o projeto de ação conjunta da Petrobras e da PDVSA e também uma televisão pública sul-americana. Gilberto Gil, ministro da Cultura, enfatizou a necessidade de – além da integração econômica e política, a integração cultural dos povos e países – também serem permeadas as agendas dos governos e entidades. Juan González, da Central dos Trabalhadores Argentinos; João felício, da CUT; e Gustavo Petta, presidente da UNE, ressaltaram aspectos políticos, econômicos e sociais da luta das sociedades e trabalhadores sul-americanos em sua luta pelo desenvolvimento.

EDIÇÃO 77, FEV/MAR, 2005, PÁGINAS 54