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    Comunicação

    Tão opostos e irmãos

    Embora triste, que bela figura! A lança sempre em riste E os olhos fundos de mirar as alturas. Magérrimo – A sina Dos que abraçam causas tenras É amargar agruras. Os ossos quebrados, A carne macerada, A alma sorridente e elevada: A injustiça soube O sabor da espada. (Desde Cervantes, se soube: Para uma vida […]

    POR: Redação

    2 min de leitura

    Embora triste, que bela figura!
    A lança sempre em riste
    E os olhos fundos de mirar as alturas.
    Magérrimo – A sina
    Dos que abraçam causas tenras
    É amargar agruras.

    Os ossos quebrados,
    A carne macerada,
    A alma sorridente e elevada:
    A injustiça soube
    O sabor da espada.

    (Desde Cervantes, se soube:
    Para uma vida de combates
    É preciso mais
    Do que as armas convencionais.
    O humor é escudo,
    A alegria, a ironia, punhais.)

    Desde Quixote, dar provas de amor
    Não bastam canções.
    – Estrangule um dragão,
    Encarcere um facínora,
    Liberte um simples do Cárcere.
    Desde ele o amor passou a receber
    Presentes que o mercado não vende
    – Somente a honra, a paixão
    E a bravura os compram.

    Mas ele não seria uma bela figura,
    Se não tivesse como fiel escudeiro,
    Um homem simples afeito à razão.

    Um amigo é nossa outra parte.
    Quixote, cativo das estrelas,
    Sancho, prisioneiro do chão.
    Tão opostos e irmãos.
    Desse entrelace, desse duplo cárcere,
    Vislumbra-se a liberdade.

    EDIÇÃO 78, ABR/MAI, 2005, PÁGINAS 40

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