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    Comunicação

    Meninos Carvoeiros

    Os meninos carvoeiros Passam a caminho da cidade. – Eh, carvoero! E vão tocando os animais com um relho enorme. Os burros são magrinhos e velhos. Cada um leva seis sacos de carvão de lenha. A aniagem é toda remendada. Os carvões caem. (Pela boca da noite vem uma velhinha que os recolhe, do-                                                 […]

    POR: Manuel Bandeira

    2 min de leitura

    Os meninos carvoeiros
    Passam a caminho da cidade.
    – Eh, carvoero!
    E vão tocando os animais com um relho enorme.

    Os burros são magrinhos e velhos.
    Cada um leva seis sacos de carvão de lenha.
    A aniagem é toda remendada.
    Os carvões caem.

    (Pela boca da noite vem uma velhinha que os recolhe, do-
                                                    [brando-se comum gemido.)
    – Eh, carvoero!

    Só mesmo estas crianças raquíticas
    Vão bem com estes burrinhos descadeirados.
    A madrugada ingênua parece feita para eles…
    Pequenina, ingênua miséria!
    Adoráveis carvoeirinhos que trabalhais como se brincásseis!

    – Eh, carvoero!

    Quando voltam, vêm mordendo num pão encarvoado,
    Encarapitados nas alimárias,
    Apostando corrida,
    Dançando, bamboleando nas cangalhas como espantalhos
                                                                         [desamparados!

    Estrela da Vida – Manuel Bandeira.
    Livraria José Olympio Editora
    Petrópolis, 1921

     

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