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    Comunicação

    À lua cheia

    És louca, minha lua cheia? Não vês que crescendo tanto assim, podes te arrebentar em pedaços? Sem ti, minha menina travessa, os poetas irão emudecer, os mares deixarão de ser bravios, as mulheres murcharão os seios, a ferrugem irá corroer as cordas das violas, os lavradores não saberão a hora certa de plantar. Ah! minha […]

    POR: Adalberto Monteiro

    2 min de leitura

    És louca, minha lua cheia?
    Não vês que crescendo tanto assim,
    podes te arrebentar em pedaços?

    Sem ti, minha menina travessa,
    os poetas irão emudecer,
    os mares deixarão de ser bravios,
    as mulheres murcharão os seios,
    a ferrugem irá corroer as cordas das violas,
    os lavradores não saberão
    a hora certa de plantar.

    Ah! minha louca paixão,
    sem a magia, sem a energia
    do teu luar
    as sementes não terão viço
    para germinar,
    os peixes nadarão loucos
    sem conseguir desovar.
    Ah! minha lua, sem ti
    a vida se extinguirá,
    os bichos perderão o cio,
    o fogo dos amantes se apagará.

    Sem a luz dos teus holofotes,
    meu sol feminino,
    como poderemos desbravar as trevas,
    arrancar da escuridão
    as estrelas do futuro?

     

    Os sonhos e os séculos
    Adalberto Monteiro
    Editora Círculo Azul Livros – edição 1991
     

    Adalberto Monteiro, Jornalista e poeta. É da direção nacional do PCdoB. Presidente da Fundação Maurício Grabois. Editor da Revista Princípios. Publicou três livros de poemas: Os Sonhos e os Séculos(1991); Os Verbos do Amor &outros versos(1997) e As delícias do amargo & uma homenagem(2007).