Logo Grabois Logo Grabois

Leia a última edição Logo Grabois

Inscreva-se para receber nossa Newsletter

    Comunicação

    Canção da foice e o feixe

    – Colhendo o arroz dos posseiros     de Santa Terezinha,     perseguidos     pelo Governo e pelo Latifúndio. Com um calo por anel, monsenhor cortava arroz. Monsenhor “martelo e foice”? Me chamarão subversivo. E lhes direi: eu o sou. Por meu Povo em luta, vivo. Com meu Povo em marcha, vou. Tenho fé de guerrilheiro e amor de […]

    POR: Redação

    2 min de leitura

    – Colhendo o arroz dos posseiros
        de Santa Terezinha,
        perseguidos
        pelo Governo e pelo Latifúndio.

    Com um calo por anel,
    monsenhor cortava arroz.
    Monsenhor “martelo
    e foice”?

    Me chamarão subversivo.
    E lhes direi: eu o sou.
    Por meu Povo em luta, vivo.
    Com meu Povo em marcha, vou.

    Tenho fé de guerrilheiro
    e amor de revolução.
    E entre Evangelho e canção
    sofro e digo o que quero.
    Se escandalizo, primeiro
    queimei o próprio coração
    ao fogo desta Paixão,
    cruz de Seu mesmo Madeiro.

    Incito à subversão
    contra o Poder e o Dinheiro.
    Quero subverter a Lei
    que perverte ao Povo em grei
    e ao Governo em carniceiro.
    (Meu Pastor se faz Cordeiro.
    Servidor se fez meu Rei.)

    Creio na Internacional
    das frontes alevantadas,
    da voz de igual a igual
    e das mãos enlaçadas…
    E chamo a Ordem de mal,
    e ao Progresso de mentira.
    Tenho menos paz que ira.
    Tenho mais amor que paz.

    … Creio na foice e no feixe
    destas espigas caídas:
    uma Morte e tantas vidas!
    Creio nesta foice que avança
    – sob este sol sem disfarce
    e na comum Esperança –
    tão encurvada e tenaz!

     

    Antologia Retirante – poemas
    Dom Pedro Casaldáliga
    Editora Civilização Brasileira – edição 1978
     

    Notícias Relacionadas