Às 09h07 de Brasília, sob uma chuva torrencial, a bandeira composta por um triângulo vermelho, prolongado por três faixas horizontais preta, branca e verde, foi içada. Ao mesmo tempo, o hino palestino tocou na Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), com os aplausos de muitos representantes presentes.

Logo após o hasteamento, Abbas, no meio da multidão, discursou emocionado antes de participar de uma coletiva de imprensa. Ele declarou que a solenidade marcava o primeiro reconhecimento da Palestina e expressou o desejo de que seja admitida também em outras organizações internacionais. “A adesão da Palestina à Unesco é um motivo de muito orgulho. A Palestina, terra onde se encontraram diversas civilizações, nasce de novo.”

A Unesco foi a primeira organização da ONU a acolher os palestinos como membros de pleno direito desde que Mahmoud Abbas entrou com o pedido de reconhecimento palestino nas Nações Unidas, em 23 de setembro. A vitória diplomática dos palestinos, obtida oficialmente no dia 31 de outubro, foi simbolicamente importante na luta pelo reconhecimento do Estado Palestino.

Somente 14 países da conferência Geral se opuseram à entrada — que foi efetivada no final de novembro, com a assinatura da Ata Constitutiva da Unesco. A ANP afirmou que pretende entrar com pedido de adesão em outras 16 agências da ONU.

O êxito palestino consistiu numa derrota para os Estados Unidos, que se alinham a Israel na luta para esmagar a Palestina. Em represália, Washington anunciou a suspensão do financiamento à Unesco, privando a organização de 22% de seu orçamento. Leis americanas proíbem a Casa Branca de financiar uma agência da ONU que reconheça os palestinos como Estado. A Unesco, no entanto, manteve sua soberania e ignorou a chantagem americana.

Após a aceitação da Palestina como membro pleno, Israel também anunciou medidas de represália, como a colonização no leste de Jerusalém e na Cisjordânia e o bloqueio de fundos para a Autoridade Palestina. Posteriormente, o país cedeu à pressão internacional e desbloqueou os fundos.

A adesão também permite ao Estado palestino candidatar monumentos e lugares para Patrimônio Mundial da Humanidade. Os palestinos querem que a Igreja da Natividade em Belém e o Túmulo do profeta Abraão em Hebron, sejam façam parte do Patrimônio em 2012.

Con agências