André Gorz e o “fim” do trabalho assalariado
Autor do polêmico “Adeus ao Proletariado”, Gorz avalia que a realidade atual, onde “cada vez menos pessoas produzem cada vez mais riquezas”, é o prenúncio do fim do trabalho assalariado e da produção fundada no valor-de-troca.
Com o suposto fim do trabalho assalariado, e consequentemente também do salário, André Gorz propõe uma renda básica mínima para todos – e a transição para um outro tipo de sociedade, não a sociedade do trabalho, mas a sociedade do conhecimento, da cultura.
Para ele, nessa nova “economia imaterial”, o capital humano (riqueza de ideias, criatividade, capacidade de aprendizagem, etc.) superaria a riqueza material. Nessa sociedade utópica do autor em tela, o trabalho seria residual, todos teriam tempo para fruir o melhor da vida espiritual.
Essa concepção, que no fundo prega o fim da centralidade do trabalho e do protagonismo político do proletariado na transformação social, tem mais influência do que imagina a nossa vã filosofia. Sociedade pós-industrial, pensamento pós-moderno, novos atores sociais, quem já não ouviu falar sobre isso?
Achar uma forma de driblar o capitalismo é empresa sempre fadada ao fracasso. Tais ideias e propostas são generosas, mas sucumbem diante da realidade. O próprio Gorz, por exemplo, achava que o Euro e a Europa unida seriam uma alternativa ao império americano e à oligarquia financeira. Deu no que deu!
A luta pela reafirmação da centralidade do trabalho e do protagonsimo dos trabalhadores para superar o capitalismo e edificar a nova sociedade socialista são tarefas essenciais da luta de ideias atual. E tema de uma aula no curso de formação do PCdoB de minha responsabilidade. Aceito ajuda!
Fonte: Blog do Nivaldo Santana