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    2. Situação Econômica nos Países do Capitalismo e a Ulterior Agravação das Contradições do Sistema Capitalista

    2. Situação Econômica nos Países do Capitalismo e a Ulterior Agravação das Contradições do Sistema Capitalista Pelo quadro que anteriormente traçamos, pode-se ver que em 1955, a produção industrial de todo o mundo capitalista ultrapassou em 93% o nível de 1929. Isto significa que o capitalismo conseguiu vencer suas contradições internas e adquiriu estabilidade? Não; […]

    POR: N. S. Kruschiov

    2. Situação Econômica nos Países do Capitalismo e a Ulterior Agravação das Contradições do Sistema Capitalista

    Pelo quadro que anteriormente traçamos, pode-se ver que em 1955, a produção industrial de todo o mundo capitalista ultrapassou em 93% o nível de 1929.

    Isto significa que o capitalismo conseguiu vencer suas contradições internas e adquiriu estabilidade? Não; não significa isto. A economia do capitalismo mundial se desenvolve muito desigualmente e é hoje ainda mais instável do que antes.

    Em países capitalistas tão antigos como a Inglaterra e a França, o volume da produção industrial aumentou durante o decênio de após-guerra, mas esse aumento se opera lenta e contraditoriamente. Nos países vencidos, como a Alemanha Ocidental e a Itália, o nível de produção de antes da guerra não foi alcançado até 1949-1950, e no Japão a produção industrial se encontra aproximadamente no mesmo nível que em 1944. No período de após-guerra, os Estados Unidos, principal país do capitalismo, sofreram em três ocasiões importantes contrações da produção, com a particularidade de que em fins de 1948 começou no referido país uma grave crise econômica, detida mais tarde por uma intensa corrida armamentista relacionada com a guerra da Coréia.

    À instabilidade da produção industrial vêm juntar-se a instabilidade da situação financeira na maioria dos países capitalistas, a enorme emissão de papel-moeda e a depreciação das divisas. Há que acrescentar a isto a crise agrária em vários países e também o estancamento do comércio mundial, que se observa estes últimos anos no mercado capitalista.

    A crise geral do capitalismo continua se agravando. A contradição insolúvel do capitalismo — a contradição entre as modernas forças produtivas e as relações de produção capitalistas —- aguçou-se ainda mais. Longe de negar essa contradição, o rápido desenvolvimento da técnica moderna não faz mais do que acentuá-la.

    Devemos dizer que para os marxistas-leninistas sempre foi estranha a idéia de que a crise geral do capitalismo significa um estancamento absoluto, a paralisação da produção e do progresso técnico. V. I. Lênin assinalou que a tendência geral do capitalismo à putrefação não exclui o progresso técnico e o aumento da produção neste ou naquele período.

    “Seria um erro crer — dizia Lênin — que esta tendência à putrefação elimina o rápido crescimento do capitalismo. Não; certos ramos industriais, certos setores da burguesia, certos países manifestam na época do imperialismo, com maior ou menor intensidade, ora uma, ora outra destas tendências.” (Obras, t. 22, pág. 286).
    Por isto devemos prestar grande atenção à economia do capitalismo e não compreender de um modo simplista a tese da putrefação do imperialismo enunciada por Lênin, mas estudar tudo que há de melhor da ciência e da técnica nos países capitalistas, a fim de aproveitar as realizações do progresso técnico mundial em benefício do socialismo.

    Quanto ao aumento da produção nos países capitalistas durante o período que analisamos, não se pode dizer que se tenha operado numa base econômica sã. Este aumento se deve à ação dos seguintes fatores fundamentais:

    Em primeiro lugar, à militarização da economia e à corrida armamentista. O ascenso esteve muito longe de abranger todos os ramos da indústria. A indústria produtora de artigos de uso e consumo, ficou muito para trás, e alguns de seus ramos estacionaram. Desenvolveram-se unicamente os ramos que, de um ou outro modo, estão relacionados com a produção de armamentos. Em cinco anos — de 1950 a 1954 — os gastos do Estado para pagar os pedidos de material de guerra aumentaram quatro vezes nos Estados Unidos; mais de quatro vezes na Inglaterra e três vezes na França. É evidente que o ritmo extraordinariamente alto da produção de guerra repercutiu no nível geral da produção industrial destes países.

    Em segundo lugar, contribuiu para o crescimento da produção a intensificação da expansão econômica externa dos principais Estados capitalistas. Para países como os Estados Unidos e em parte Inglaterra e França, criou-se temporariamente uma situação favorável no mercado capitalista mundial. Por alguns anos ficaram eliminados como competidores Alemanha, Japão e Itália. A desorganização da economia nos países da Europa Ocidental no após-guerra determinou uma necessidade extrema de víveres e outros artigos de primeira necessidade, o que foi aproveitado ao máximo pelos Estados Unidos, que puseram em ação o “plano Marshall” e outros expedientes.

    Em terceiro lugar, a renovação do capital básico desempenhou um grande papel. Devido às crises e à depressão da década de 30, assim como, mais tarde, à guerra, os países capitalistas europeus estiveram praticamente de quinze a vinte anos sem renovar as suas instalações básicas de produção. A modernização do capital básico, muito desgastado e destruído durante a guerra, não foi empreendida de fato nos referidos países se não nos anos de 1951-1954. Isto permitiu aumentar notavelmente a produção de instalações industriais.

    Em quarto e último lugar, os países do capitalismo puderam elevar sua produção industrial intensificando em grande medida a exploração da classe operária e fazendo descer o nível de vida dos trabalhadores. No curso dos últimos quatro anos, a produção média anual por operário na indústria dos principais países capitalistas aumentou de 10 a 25 por cento. No entanto, o salário real é em vários países capitalistas inferior ao de antes da guerra, devido à enorme elevação dos preços dos artigos, o aumento dos aluguéis e outros gastos.

    A este respeito, é necessário ter em conta a pesada carga dos armamentos que se fez cair sobre os ombros dos trabalhadores. Os gastos militares per capita foram nos Estados Unidos, no ano fiscal de 1913-1914, de 3 dólares e meio; em 1929-1930, de 7 dólares; no ano fiscal de 1954-1955, de 250 dólares, isto é, aumentaram desde 1913-1914 mais de 70 vezes. Na Inglaterra, os gastos militares per capita aumentaram de 1,7 libras esterlinas no ano fiscal de 1913-1914 a 2,5 libras no de 1928-1930, e a 29,3 libras esterlinas no ano de 1954-1955. Estes enormes gastos são cobertos mediante o contínuo aumento dos impostos diretos e indiretos.

    O desemprego se faz sentir com força na situação dos trabalhadores. Em 1955, no período do “ascenso estável”, tão incensado pelos economistas burgueses, havia nos Estados Unidos, segundo dados oficiais, cerca de três milhões de trabalhadores sem ocupação e mais de nove milhões de desempregados parciais. Segundo dados oficiais, na República Federal Alemã havia em 1955 cerca de um milhão de desempregados. Na Itália, onde o desemprego tomou depois da guerra um caráter de massas e crônico muito acentuado havia em 1955 dois milhões de desempregados e outros tantos em paralisação parcial. No Japão havia, em 1954, segundo dados oficiais, 600.000 desempregados e cerca de nove milhões de trabalhadores parcialmente parados.

    Estes são os fatores que desempenharam um papel especial no aumento da produção capitalista depois da guerra. No momento atual, o mundo capitalista está chegando a um ponto em que desaparece a ação estimulante de uma série de fatores temporários. Alguns deles, como, por exemplo, a renovação em massa do capital básico e a situação favorável nos mercados exteriores, foram típicos unicamente para o período que se seguiu a uma guerra dura e longa. Outros, apenas são capazes de promover um aumento temporário da produção. As forças internas da economia capitalista, apoiando-se nas quais esta conseguiu tempos atrás elevar a produção, atuam cada vez mais debilmente. Para aumentar a produção, o capitalismo necessita, hoje, mais e mais, de fatores artificiais.

    À vista da atual conjuntura, em algumas esferas do Ocidente volta-se a falar em “prosperidade”. Tenta-se demonstrar que a teoria marxista das crises “envelheceu”. Os economistas burgueses ocultam que somente a ocorrência temporária de circunstâncias favoráveis para o capitalismo, fez com que os elementos de crises observados não tenham desembocado ainda em uma profunda crise econômica. Inclusive hoje, num período de reanimação da conjuntura, apresentam-se elementos latentes de crise. O potencial de produção não é utilizado em grande parte. Nos Estados Unidos alcançaram um perigoso volume os estoques de mercadorias, bem como as vendas a crédito.

    A situação piora em consequência de que em vários países capitalistas acumularam-se enormes estoques de produtos agrícolas que não encontram saída. Os governos, particularmente o dos Estados Unidos, se esforçam para reduzir, seja como for, a área de semeadura e diminuir a colheita. E isto se faz quando em extensas zonas da Ásia Sul oriental e da África milhões de seres padecem fome e nas suas próprias metrópoles existe uma ampla camada de pessoas que se alimentam muito mal. Devido a que a produção aumenta, devido a que se verifica certo progresso técnico e a intensificação do trabalho se desenvolve num ritmo rápido, enquanto o mercado interno, em vez de ampliar-se não faz mais do que reduzir-se relativamente, nos países capitalistas surgem, sem que se possam evitar, novas crises e comoções econômicas.

    Os capitalistas e os cientistas defensores de seus interesses difundem a “teoria” de que as crises econômicas podem ser evitadas ampliando-se continuamente a fabricação de armamentos. Os representantes da ciência marxista-leninista assinalaram mais de uma vez que essas ilusões são vãs. A corrida armamentista não cura a enfermidade e unicamente pode retardar sua manifestação. E quanto maior seja a militarização da economia, tanto mais graves serão suas consequências para o capitalismo.

    Os representantes dos círculos capitalistas depositam particular esperança na regularização da economia pelo Estado. O capital monopolista põe diretamente a seu serviço os órgãos do Estado, para eles enviando seus representantes e obrigando o Estado a “regular” a economia do país em benefício dos monopólios. Os órgãos do Estado procuram sustentar a atividade industrial e comercial: fazem pedidos avaliados em milhares de milhões às corporações, estabelecem privilégios para estas e lhes destinam subsídios, fixam os salários, assim como os preços de vários artigos, compram os excedentes e financiam a exportação. Mas a intervenção do Estado na vida econômica não elimina os vícios fundamentais do sistema capitalista. O Estado não pode anular as leis objetivas da economia capitalista, que provocam a anarquia na produção e as crises econômicas. As crises são inerentes à própria natureza do capitalismo, são inevitáveis.

    As perspectivas da economia do capitalismo dependem muito do estado do mercado capitalista mundial. Durante os últimos anos produziram-se neste modificações substanciais. Os Estados Unidos da América vão perdendo a situação monopolista que ocuparam nos primeiros anos do após-guerra. Devido à concorrência de outros países, a parte dos Estados Unidos na exportação mundial, que em 1947 chegou ao máximo (32,5 por cento), posteriormente desceu muito, baixando nos últimos anos a 19 por cento. Em 1947-1948, os Estados Unidos contribuíram com quase três quintas partes da produção industrial do mundo capitalista; hoje contribuem com a metade. Já passou o período em que os Estados Unidos podiam aproveitar ao máximo as possibilidades econômicas do após-guerra, e não se prevêem novos mercados. Assim, pois, tampouco se vêem perspectivas para um sério aumento da produção no futuro.

    Desde que a Alemanha Ocidental e o Japão reapareceram no mercado capitalista mundial, a situação neste mercado se agravou particularmente. Estes países, do mesmo modo que a Inglaterra e a França, quase recuperaram suas posições de antes da guerra no mercado mundial. Nos dias de hoje, cada país só pode aumentar a exportação mediante renhida luta com os competidores. A Inglaterra não vê com bons olhos a atividade crescente da Alemanha Ocidental e do Japão. A Alemanha Ocidental e o Japão ficam desgostosos porque a Inglaterra não lhes permite penetrar em seus mercados. Todos eles têm razões mais do que suficientes para estar descontentes com os Estados Unidos da América que desorganizam o mercado mundial mantendo um comércio unilateral, preservando seu mercado contra a entrada de artigos estrangeiros, proibindo o comércio com o Oriente e recorrendo ao “dumping” da produção agrícola e a outras medidas que repercutem muito desfavoravelmente nos demais países. A luta econômica entre os países capitalistas adquire maior força cada dia.

    Tal como antes, a contradição principal continua sendo a que existe entre os Estados Unidos e a Grã-Bretanha. O antagonismo anglo-americano se manifesta em muitas questões. Sob a bandeira da “comunidade atlântica” os competidores transoceânicos se apoderam das posições estratégicas e econômicas fundamentais do Império Britânico e se esforçam por estabelecer-se em suas vias de comunicação, por abolir o sistema de tarifas preferenciais e por dominar a zona do esterlino. Não é de estranhar que na Inglaterra, do mesmo modo que na França, aumente o desejo de pôr fim a esta situação em que a “comunidade atlântica” só favorece a uma das partes.

    Agrava especialmente a situação no mercado mundial o ressurgimento da potência econômica da Alemanha Ocidental. A experiência das duas guerras mundiais evidencia que os monopólios germânicos não se detêm em qualquer limite na sua luta pelos mercados. Devido a isto, também se torna aguda a situação na Europa Ocidental, já que a aparição do competidor germânico, que recupera força rapidamente, não promete nada bom à França nem à Inglaterra, sobretudo se se continua a empurrá-lo pelo caminho da militarização. Também se agrava a situação interna na Alemanha Ocidental, já que o restabelecimento da potência dos consórcios e monopólios faz aumentar o perigo de que renasçam as forças que em seu tempo levaram o fascismo ao Poder.

    O problema dos mercados se agrava mais ainda porque as fronteiras do mercado capitalista mundial se contraem cada vez mais, devido à formação do novo e crescente mercado socialista mundial.

    Além disto, os países subdesenvolvidos que se vão libertando do jugo colonial, empreendem a criação de uma indústria própria, o que leva inevitavelmente a uma maior redução dos mercados de venda dos artigos industriais. Quer dizer que a luta pelos mercados de venda e das esferas de influência dentro do campo imperialista continuará aguçando-se mais e mais.

    Ao mesmo tempo, a situação atual nos países capitalistas se caracteriza por uma agravação incessante das contradições sociais.

    Apesar de que os Estados capitalistas tenham recorrido a uma legislação anti-operária particularmente dura, à regulamentação pelo Governo dos conflitos de trabalho e à limitação dos direitos dos sindicatos, a luta grevista tem sido muito mais ampla no após-guerra que antes da conflagração. Os dados oficiais de onze países (Estados Unidos, Inglaterra, França, Alemanha Ocidental, Japão, Canadá, Austrália, Suécia, Bélgica, Holanda, Argentina) põem em relevo, apesar da sua evidente adulteração — se comparamos os dez anos anteriores à guerra (1930-1939) com os dez anos do após-guerra (1945-1954) — que o número de greves aumentou de 67.000 para 101.000 e o número de grevistas, de 21 milhões para 73 milhões; a quantidade de jornadas de trabalho que se perderam em consequência das greves aumentou de 240 milhões para 672 milhões. Como vedes, nos dez anos que se seguiram à guerra, o número de greves ultrapassou uma vez e meia o número de greves registradas durante um período igual, anterior à guerra. O número de participantes e de jornadas de trabalho perdidas ultrapassa várias vezes o nível anterior à guerra. Quer dizer que a luta da classe operária contra o jugo capitalista torna-se mais ativa e vigorosa. O movimento grevista tomou um caráter particularmente maciço e agudo na França, Itália, Japão, Estados Unidos e Inglaterra, e, nos últimos anos, na Alemanha Ocidental.

    O período do após-guerra se caracteriza por que as ações da classe operária nos problemas políticos fundamentais se tornam mais e mais resolutas. Muitos grandes sindicatos, independentemente de sua orientação política, pronunciam-se cada vez mais em favor do alívio da tensão e da cessação da corrida armamentista. A classe operária da França e da Itália, o Partido Comunista Francês e os comunistas e socialistas da Itália obtiveram grandes êxitos nas eleições parlamentares. Estes êxitos põem em evidência que os partidos da classe operária conquistaram o carinho e a confiança de amplas camadas da população de seus países. (Prolongados aplausos.)

    Que deduções devemos fazer da análise da situação nos países capitalistas?

    A situação no mundo capitalista caracteriza-se pelo aumento de suas profundas contradições. Aumenta a contradição entre o caráter social da produção e a forma privada capitalista de apropriação, entre o aumento da produção e o descenso da demanda solvente, o que leva às crises econômicas. Crescem as contradições entre os Estados capitalistas e se torna mais renhida sua luta pelos mercados de venda e pelas esferas de influência. Aumentam e se aguçam as contradições sociais, recrudesce a luta da classe operária e das amplas massas populares por seus direitos e interesses vitais. Assim, pois, o capitalismo marcha inevitavelmente ao encontro de novas comoções econômicas e sociais.

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