Camaradas:
No período transcorrido entre o XIX e o XX Congressos do P.C.U.S., produziram-se modificações importantes nas relações internacionais.
Pouco depois de terminar a segunda guerra mundial, na política dos Estados Unidos da América, Inglaterra e França começou a fazer sentir-se com força cada vez maior a influência dos círculos reacionários e militaristas, predominou nos referidos países o desejo de impor sua vontade aos outros, recorrendo-se à pressão econômica e política, às ameaças e às provocações guerreiras. Esta linha recebeu o nome de política “de posições de força” e expressa a aspiração das esferas mais agressivas do imperialismo contemporâneo a estabelecer seu domínio mundial e esmagar os movimentos operário, democrático e de libertação nacional; expressa os planos de aventuras guerreiras contra o campo do socialismo.
A atmosfera internacional viu-se envenenada pela psicose de guerra. A corrida armamentista tomou proporções cada vez mais monstruosas. Em países situados a milhares de quilômetros dos Estados Unidos estabeleceram-se numerosas e importantes bases militares norte-americanas enfileiradas contra a URSS e as democracias populares. Iniciou-se a chamada “guerra fria” contra os países do campo socialista. Começou-se a alimentar artificialmente a desconfiança entre os Estados, e a instigar uns povos contra outros. Foi desencadeada a sangrenta guerra da Coréia e durante longos anos prolongou-se a guerra da Indochina.
Os inspiradores da “guerra fria” entraram pelo caminho da formação de blocos militares. Muitos países, contra a vontade dos povos, viram-se arrastados a agrupamentos agressivos fechados: o bloco do Atlântico Norte, a União da Europa Ocidental, a S.E.A.T.O. (o bloco militar para a Ásia Sul oriental) e o pacto de Bagdá.
Os organizadores de blocos militares afirmam que se unem para defesa, para defender-se do “perigo comunista”. Isto é o cúmulo da hipocrisia. A história nos ensina que as potências imperialistas recorreram à formação de blocos militares sempre que projetaram uma nova partilha do mundo. Hoje, a bandeira do “anticomunismo” é utilizada de novo como cortina de fumaça para encobrir as pretensões de uma potência ao domínio mundial. O novo consiste em que os Estados Unidos querem consolidar sua posição dominante no mundo capitalista, formando blocos e pactos de toda espécie, e fazer de seus parceiros obedientes executores de sua vontade.
Os inspiradores da política “de posições de força” afirmam que esta política tornará impossível uma nova guerra, já que assegurará o “equilíbrio de forças” no cenário mundial, este ponto de vista é sustentado por muitos estadistas do Ocidente. Por isto mesmo, tem grande importância por a nu consequentemente o seu verdadeiro sentido.
Pode-se consolidar a paz por meio da corrida, armamentista? Esta pergunta poderia parecer absurda. No entanto, os partidários da política “de posições de força” apresentam a corrida armamentista como a receita fundamental… para manter a paz! E evidentemente claro que se os Estados concorrem no incremento de sua potência militar, o perigo de guerra não diminui, mas aumenta.
A corrida armamentista, a política “de posições de força”, a formação de blocos agressivos e a “guerra fria” não podiam senão agravar e agravaram realmente a situação internacional. Esta foi uma das direções em que se desenvolveram os acontecimentos mundiais durante o período de que prestamos contas.
Mas, nestes mesmos anos, outros processos se desenvolveram na arena internacional, os quais demonstram que no mundo atual a onipotência dos círculos monopolistas está longe de ser absoluta.
O crescimento contínuo das forças do socialismo, da democracia e da paz e das forças do movimento de libertação nacional têm uma importância decisiva. Durante este tempo a União Soviética, a República Popular Chinesa e demais países socialistas, fortaleceram ainda mais as posições de sua política exterior, e seu prestígio e seus laços internacionais aumentaram incomparavelmente. O campo internacional do socialismo exerce mais e mais influência na marcha dos acontecimentos mundiais. (Aplausos.)
As forças da paz se multiplicaram notavelmente com o aparecimento no cenário internacional de um grupo de Estados pacíficos da Europa e Ásia, que proclamaram como princípio de sua política exterior a não participação em blocos. Os círculos políticos dirigentes destes Estados consideram acertadamente que a participação em agrupamentos imperialistas militares fechados não faz senão aumentar o perigo de que estes países se vejam envolvidos em aventuras militares das forças agressivas e arrastados no turbilhão fatal da corrida armamentista.
Devido a isto, formou-se no cenário internacional uma extensa “zona de paz”, que compreende os Estados pacíficos, tanto socialistas como não socialistas, da Europa e da Ásia. Esta zona compreende enormes extensões do globo, em que vivem quase 1.500 milhões de seres, isto é, a maioria da população do nosso planeta.
No curso dos acontecimentos internacionais exerceu profunda influência a enérgica atividade das amplas massas populares em defesa da paz. É impossível encontrar na história um período que possa comparar-se com o atual, quanto à amplitude e à organização da luta das massas populares contra o perigo de guerra.
Os Partidos Comunistas, que durante todos estes anos, da mesma forma que antes, se encontraram no âmago da luta pela preservação da paz, pelos interesses vitais dos trabalhadores e a independência nacional de seus países, demonstraram ser os lutadores mais enérgicos e consequentes contra o perigo de guerra e contra a reação. Muitos obstáculos e adversidades tiveram que enfrentar nos últimos anos os comunistas dos países do capitalismo. Não obstante, os Partidos Comunistas souberam sair dignamente dessas provas. (Prolongados aplausos.)
Ao mesmo tempo, muitos outros círculos sociais atuam partindo de posições anti-guerreiras. É verdade que a eficácia dessas ações seria ainda maior se as diferentes forças que defendem a paz vencessem certa dispersão que hoje se observa. Reveste-se de extraordinária transcendência o problema da unidade da classe operária, a unidade de seus sindicatos, a unidade de ação de seus partidos políticos, comunistas, socialistas e outros partidos operários.
Não poucas calamidades do mundo atual se devem a que em muitos países a classe operária se encontra há longos anos dividida e seus diferentes destacamentos não formam uma frente única, coisa que só favorece as forças da reação. Entretanto, a nosso juízo, abrem-se hoje perspectivas para mudar esta situação. A vida colocou na ordem do dia muitas questões que não só exigem a aproximação e a colaboração de todos os partidos operários, como também oferecem possibilidades reais para esta colaboração. A principal destas questões é conjurar a nova guerra. Se a classe operária atua como uma força organizada e unida e põe em evidência sua firme vontade, não haverá guerra.
Isto impõe a todos os dirigentes do movimento operário uma grande responsabilidade diante da história. Os interesses da luta pela paz exigem que se ponham de lado acusações recíprocas e se encontrem pontos de contato para elaborar, partindo destes, as bases da colaboração. Por certo, é possível e necessário colaborar também com setores do movimento socialista que mantêm pontos de vista diferentes dos nossos quanto às formas da transição ao socialismo. Entre eles, há muitos que se equivocam honradamente neste problema, mas isto não é obstáculo à colaboração. Nos dias de hoje, muitos social-democratas se pronunciam a favor da luta enérgica contra o perigo de guerra e o militarismo, pela aproximação com os países socialistas e pela unidade do movimento operário. Nós saudamos sinceramente estes social-democratas e estamos dispostos a fazer tudo que for necessário para unir nossos esforços na luta pela nobre causa da defesa da paz e dos interesses dos trabalhadores. (Aplausos.)
Todo o desenvolvimento dos acontecimentos internacionais dos últimos anos evidencia que grandes forças populares se levantaram na luta pela manutenção da paz. Os círculos governantes imperialistas não podem mais deixar de tê-lo em conta. Os representantes mais clarividentes desses círculos começam a reconhecer que a política “de posições de força” não pôde fazer pressão sobre os países contra os quais foi dirigida, que fracassou. Ao mesmo tempo tal política implica numa pesada carga para as massas populares do mundo capitalista e fez aumentar seu descontentamento. A imensa maioria da humanidade repele a política “de posições de força”, por ser uma política aventureira e antipopular, que agrava o perigo de guerra.
À vista destes fatos indiscutíveis, em influentes círculos do Ocidente começam a aparecer certos sintomas de lucidez. É cada vez maior o número de pessoas desses círculos que se convencem de quanto poderia ser perigosa para o capitalismo uma guerra contra os países do campo socialista. Não há dúvida de que, se os círculos governantes dos referidos países se atreverem a desencadear tal guerra, a classe operária e as amplas massas trabalhadoras dos países capitalistas tirarão conclusões definitivas acerca do regime que periodicamente arrasta os povos a sangrentas matanças. (Prolongados aplausos.) Não é casual que nos últimos tempos seja cada vez maior o número de personalidades dos países burgueses que reconhecem francamente que em uma guerra em que se empregasse a arma atômica “não haveria vencedor”. Estas personalidades não se atrevem ainda a declarar que o capitalismo encontraria seu túmulo em uma nova guerra mundial, se a desencadeasse, mas se viram obrigados já a reconhecer abertamente que o campo socialista é invencível. (Tempestuosos aplausos.)
As posições das forças imperialistas não se debilitam unicamente porque os povos de seus países rechacem a política de agressão, mas também porque no último decênio o imperialismo foi derrotado no Oriente, onde se desmoronaram os alicerces seculares do colonialismo e os povos tomam cada vez mais resolutamente em suas mãos a solução de seus destinos.