Na verdade, é um absurdo não considerar a IBM ou a GM como empresas norte-americanas, assim como, até prova em contrário, a FIAT é italiana; e mesmo que no futuro se demonstrasse que o acordo entre essa e a GM é na realidade um véu camuflado, não teremos como resultado uma transnacional, mas apenas uma empresa norte-americana com um importante ramo em território italiano.
Um erro que me parece particularmente grave é aquele de considerar o Estado em termos genéricos e unitários, privados de qualquer especificação útil. Porque é exatamente dessa generalidade de significado que deriva a afirmação completamente equivocada sobre o fim dos Estados nacionais, sem falar que a confusão coloca em questão a estrutura de domínio mundial, a estrutura daquilo que ainda podemos chamar, em primeiro lugar, de imperialismo.  Basta pensar em toda a temática contra o G8. Deixemos de lado a evidente contradição entre a declaração do fim das funções dos Estados nacionais e a fúria com que se quer fazer oposição a oito governos que, esses sim, falam muito e decidem pouco, porque os lugares e os ambientes reais onde são tomadas as decisões ( imperialistas ) estão longe das reuniões dos “oito”, que no máximo as endossam e fazem “publicidade” ( hoje evidentemente negativa ). Mas o fato mais importante é que, na verdade, não existe um G8, mas no máximo um G1+7, pois, em cada caso, o peso maior em termos de eficácia operativa é dos Estados Unidos da América ( mas não por sua participação no G8, e sim em outros locais e pelo uso de outros meios bem mais “convincentes” ).
Entrando na “realidade” mais profunda daquilo que chamamos de Estado, afirmamos sobretudo que ele, na sua exteriorização material, é um conjunto de aparelhos com várias funções: político-administrativas de ordem “geral”, coercitivas e repressivas, de intervenção mais ou menos direta na esfera econômico-financeira, etc. Porém, para além e “por trás” dos aparelhos é indispensável entender que o Estado é a quinta-essência da esfera política, um espaço ou território da sociedade capitalista no qual se condensa uma série de relações sociais de um “certo tipo”, onde se confrontam vários agentes da reprodução do modo de produção capitalista. Agentes que oficialmente fazem parte dos diferentes agrupamentos sociais ( “classes” ): dominantes, “médias” e dominadas, dito em termos simplificados. Por vários motivos que não podem ser discutidos aqui, também os representantes oficiais ( de tipo público ) das classes dominadas – pelo menos aqueles que estão no vértice de organizações como partidos, sindicatos, lobbys, grupos de pressão, mídia e organismos políticos-culturais, etc. – tendem a se projetar na direção dos dominantes, ou seja, se constituindo enquanto frações específicas desses últimos, agindo em cooperação conflitante com os agentes dominantes decisivos situados na esfera econômico-produtiva ( os grupos dirigentes responsáveis pelas estratégias empresariais ), para os fins da reprodução da estrutura das relações capitalistas.

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