Livro de memória de Aldo Arantes é lançado no Rio
O lançamento do livro Alma em Fogo – Memórias de um militante político, do advogado, militante do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e fundador da Ação Popular (AP), Aldo Arantes, nesta segunda-feira (19 de agosto), promovido pela OAB-RJ, UERJ e Fundação Maurício Grabois, foi um encontro de várias gerações de militantes. Na mesa estavam quatro fundadores da Ação Popular, em 1963, Aldo Arantes, Haroldo Lima, Dodora Arantes e Luiz Alberto, Três dos que comandaram a incorporação da AP ao PCdoB, Renato Rabelo, Haroldo Lima e Aldo Arantes. Presentes também, jovens dirigentes de diversas entidades estudantis, dirigentes sindicais, intelectuais, e muitos democratas.
“Este não é apenas um livro de memórias. É também o depoimento de uma opção de vida, principalmente para a juventude”, disse Arantes. Ele refere-se a uma trajetória política turbulenta, de enfrentamento à ditadura militar. Uma opção que implicou em prisão e tortura na defesa da volta da democracia.
Desde a Ação Popular, antes do golpe militar, incorporando-se ao PCdoB, depois, sobrevivendo à Chacina da Lapa, até os debates sobre democracia e socialismo hoje, o livro é também um histórico dos últimos 50 anos da vida política nacional, com detalhes da vida de Arantes, que se confundem com momentos importantes da história do país.
O presidente do PCdoB, Renato Rabelo, destacou seu encontro com Arantes, ainda na Ação Popular, quando pode testemunhar o orgulho daquela geração de defender suas ideias, personificada na trajetória daquele militante. O dirigente comunista lembra da liderança estudantil de Arantes, na UNE, pela Campanha da Legalidade, em defesa da posse de João Goulart e contra o golpe da direita.
“Destaco este aspecto inspirado na narrativa de Aldo. A minha própria militância política ganha impulso neste momento. O impacto da Campanha da Legalidade desperta em mim entusiasmo e convicções políticas atraído pelas acesas e combativas assembleias e mobilizações estudantis. Tinha recém ingressado na Faculdade de Medicina da UFBA, e assim como em muitos jovens dessa época, adquiri convicção e descortinamos horizontes, com a ‘virada’ alcançada, na posse de Jango, em defesa de uma nação soberana, democrática e justa”, diz Rabelo.
O ex presidente Luis Inácio Lula da Silva e o vice presidente nacional do PSB, Roberto Amaral, mandaram mensagens parabenizando Aldo Arantes. Foi exibido um vídeo com aspectos da vida de Aldo Arantes, que emocionaram a todos pela riqueza de lembranças de sua vida pessoal e política.
O livro, por sua vez, registra a atuação de Arantes no período anterior ao golpe de 1964, na presidência da UNE, com o CPC, a greve do 1/3 e a Campanha pela Legalidade, juntamente com Leonel Brizola no RS, para garantir a posse de Jango em 1961. A época dos onze anos de clandestinidade e resistência à ditadura militar, prisões, torturas e a chacina da Lapa. A luta pela Anistia, a liberdade, mandatos parlamentares inclusive na Constituinte de 1988, somados a sua atuação como advogado de trabalhadores rurais e ação na OAB federal em defesa de uma Reforma Política Democrática e pela Democratização dos Meios de Comunicação. Atualmente, Arantes defende o desenvolvimento nacional, com sustentabilidade e respeito ao meio ambiente, militância que também é apresentada na obra. São abordadas, ainda, de forma crítica, experiências de países como Cuba, China e Venezuela, na busca da construção de uma sociedade socialista.
Além de Rabelo e do presidente da Fundação Maurício Grabois, Adalberto Monteiro, que foi ao Rio de Janeiro prestigiar o lançamento, estiveram presentes várias gerações de protagonistas da história das lutas políticas, nos últimos 50 anos, em que Aldo foi participante ativo.
Na mesa, estavam presentes o vice-presidente da OAB/RJ, Ronaldo Cramer que discursou em nome dos promotores. Fizeram depoimentos, além dele, a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e Delaide Arantes, atual companheira de Aldo e ministra do Tribunal Superior do Trabalho.
Participaram da mesa, o conselheiro federal e presidente da Comissão Estadual da Verdade, Wadih Damous; o ex-deputado Constituinte Haroldo Lima, o sociólogo Luiz Alberto Gomes de Souza (fundador da AP) e a psicanalista Maria Auxiliadora da Cunha Arantes, a Dodora Arantes, ex-esposa de Aldo (todos três também fundadores da AP); o reitor da UERJ, Ricardo Vieiralves.
Foram registradas as presenças de amigos e parceiros como Artur José Poerner, Modesto da Silveira, Marcelo Cerqueira, Theotônio dos Santos, Raymundo de Oliveira (ex-presidente do Clube de Engenharia), Francisco Carlos Teixeira (UFRJ), Michel Misse (UFRJ), Márcia Rosa (Cremerj), Marilia Guimarães (Rede Democrática), Flora Abreu, Celso Cunha (Fundação Planetário), DJ Saddam, Epitácio Brunet (PSB), Jorge Barreto (Ceperj), Ana Rocha (SPM), Tayná Paolino (UEE-RJ), Ronaldo Leite (CTB-RJ), Edmilson Valentim e Dilcéia Quintela (Secretários Municipais em Belford Roxo) além de amigos e companheiros que lotaram o auditório da OAB-RJ.