A biografia de Ary Barroso é repleta de grandes sucessos da música nacional, como: ‘Aquarela do Brasil’, ‘É Pra Frente Que Se Anda’, ‘Rio de Janeiro’, ‘Inquietação’, ‘Terra Seca’, ‘Na Baixa do Sapateiro’ e ‘Brazil’.

Nascido em 6 de novembro de 1903, Ary foi o maior nome do gênero samba-exaltação e principal compositor da chamada Era do Rádio no Brasil. É o responsável por muitos clássicos da música nacional como ‘Rancho Fundo’ (parceria com Lamartine Babo), ‘Camisa Amarela’ e ‘Aquarela do Brasil’, praticamente um hino alternativo para o país e para a MPB.

Ainda criança, Ary Barroso ficou órfão de pai e mãe e foi adotado pela avó materna, Gabriela Augusta de Resende. Mineiro de Ubá, Ary Barroso trabalhou em um cinema e em uma loja até completar 17 anos, quando recebeu uma herança de um tio e decidiu viajar para o Rio de Janeiro para estudar, na época, na Faculdade de Direito da Universidade do Rio de Janeiro.

Porém, rapidamente se rendeu à boemia, foi reprovado na faculdade e abandonou os estudos no segundo ano. Foi aí que se tornou pianista no Cinema Íris e no Teatro Carlos Gomes, no Centro da Cidade Maravilhosa. O compositor de ‘Aquarela do Brasil’ tocou em diversas orquestras e tornou a música, um hobby desde os 15 anos – quando começou a compor – sua profissão no fim da década de 20.

Contratado para a orquestra do maestro Spina, em São Paulo, tocava piano e também compunha. Em parceria com Lamartine Babo, com quem estudou Direito, escreveu ‘Amor de mulato’, ‘Cachorro Quente’ e ‘Oh! Nina’, antes de se graduar em Ciências Jurídicas e Sociais, em 1929, mesmo ano em que compôs ‘Vamos deixar de intimidades’, seu primeiro sucesso.

Nos anos 30, surgiu ‘Aquarela do Brasil’ e também suas primeiras músicas para o teatro. Já na década seguinte, ganhou um diploma da Academia de Ciências e Arte Cinematográfica de Hollywood pela aclamada trilha sonora do filme “Você já foi à Bahia?”, de Walt Disney.

Também nesta década o músico participou do concurso de músicas carnavalescas promovido pela Casa Edison. Nesta competição, Ary Barroso escreveu a marchinha vencedora chamada ‘Dá nela’, que também se tornou um grande sucesso do carnaval daquele ano. Posteriormente a música foi gravada por Francisco Alves.

Ary Barroso alcançou prestígio como compositor e teve várias músicas gravadas por artistas conhecidos da época, como Elisa Coelho, Sílvio Caldas e a internacionalmente famosa Carmen Miranda. Em 1933 ele fez sucesso mais uma vez com marchinha carnavalesca e samba-canção, dessa vez ‘Segura esta mulher’ e ‘Maria’, que embalaram a alegria dos foliões. ‘Maria’ fez tanto sucesso que foi regravada por Sílvio Caldas e tornou-se um clássico.

Três anos depois, o músico lançou um dos seus maiores sucessos, o samba ‘No tabuleiro da baiana’. A música foi encomendada por Jardel Jércolis para fazer parte da peça “Maravilhosa” na voz de Déo Maia e Grande Otelo. No mesmo ano, a música entrou também no espetáculo “É batatal”, desta vez cantada por Oscarito e Isa Rodrigues. Antes de entrar no teatro, porém, Carmen Miranda e Luís Barbosa fizeram sucesso com a canção. Em 1980, grandes nomes da MPB como Caetano Veloso, Gal Costa, João Gilberto e Maria Bethânia gravaram o samba.

Ainda na década de 30, Ary encontrou uma nova profissão: a de radialista. Ele comandou o programa “A hora do calouro”, na Rádio Cruzeiro do Sul, e ainda atuou como um narrador esportivo nada imparcial durante os jogos. Torcedor do Flamengo, visivelmente narrava os gols do seu time de coração de uma maneira bem mais efusiva e animada. Além disso, tornou a gaita uma marca registrada, pois tocava o instrumento a cada gol marcado.

Mesmo se dedicando a outras atividades, seguiu com sambas como ‘Folha Morta’, ‘Ocultei’ e ‘Risque’. Ao todo, compôs 264 canções. Por toda a sua contribuição à cultura brasileira, recebeu, em 1955, junto com Heitor Villa-Lobos, a Ordem Nacional do Mérito. Ary Barroso faleceu nove anos depois, em 1964, de cirrose hepática, deixando um grande legado.

O monumento em homenagem a Ary Barroso, no Rio de Janeiro, fica no Leme, Zona Sul da cidade. A estátua, junto de uma mesa de bar e dois bancos, foi feita por Leo Santana, mesmo artista que esculpiu o monumento em homenagem ao poeta Carlos Drummond de Andrade.