Karl Marx – “o filósofo mais importante de toda a história”, segundo o voto, em 2005, da imensa maioria dos ouvintes da BBC – nasceu em Trier, na Renânia, em 5 de maio de 1818, há exatos 200 anos.

     Em 1835, ingressou na Universidade de Bonn para cursar Direito. Em 1836, transferiu-se para a Universidade de Berlim, passando a estudar Filosofia. Em 1841, doutorou-se na Universidade de Iena.

     Impedido de lecionar, devido a suas ideias avançadas, tornou-se em 1842 o redator-chefe da oposicionista Gazeta Renana, em Colônia. Lá, conheceu Friedrich Engels, desde então o seu mais íntimo companheiro de lutas e de ideais.

     Com a proibição pelo governo prussiano da Gazeta Renana, Marx – já casado com Jenny Von Westphalen, com quem teve sete filhos – mudou-se para Paris, assumindo em 1843 a direção dos Anais Franco Alemães. Lá, conheceu e atuou com os principais líderes operários parisienses e a Liga dos Justos, que mais tarde se transformaria na Liga dos Comunistas, sob sua influência e de Engels. Em 1844, colaborou com o Vorwärts (Adiante), duro crítico do governo prussiano. Isso motivou a sua expulsão da França “republicana”, em 1845, por exigência do governo prussiano. 

     Teve de ir, então, para Bruxelas, onde passou a colaborar na Gazeta Alemã de Bruxelas. Em fins de 1847, a Liga dos Comunistas pediu a Marx e Engels que escrevessem o programa para o Partido. Em fevereiro de 1848, poucos dias antes da “Primavera dos Povos” – onda revolucionária que varreu  toda a Europa – foi publicado em Londres o Manifesto do Partido Comunista. Em consequência, a “liberal” Bélgica prendeu e expulsou Marx. 

     Mudou-se para Colônia, onde, fundou a Nova Gazeta Renana, em apoio à revolução democrática alemã. Expulso de Colônia, em 1849, foi para Paris. Proibido de ali fixar-se, só lhe restou migrar para Londres.

     Lá, aprofundou seus estudos filosóficos, históricos e econômicos e publicou em 1867 o primeiro volume de sua obra mestra – O Capital: Crítica da Economia Política –, desvendando a produção e a exploração capitalistas. Em 1864, ajudou a criar a “Associação Internacional dos Trabalhadores”, a chamada “Primeira Internacional”. Continuou escrevendo em diversos jornais, entre os quais o New York Times, onde defendeu os antiescravistas dos Estados Unidos, durante a Guerra da Secessão. Da mesma forma, defendeu com ênfase a Comuna de Paris, esmagada a ferro e sangue pela burguesia francesa. 

     No dia 14 de março de 1883, após uma vida inteira de lutas e privações – um ano depois da morte de sua esposa – o coração desse grande revolucionário deixou de bater. Mas o seu pensamento e os seus ideais de justiça e liberdade permanecem vivos, inspirando aqueles que nos dias de hoje lutam contra o renascente fascismo e contra todo o tipo de opressão e exploração.

Raul Carrion – Historiador, ex-deputado do PCdoB/RS