O jornalista, escritor e poeta Audálio Dantas morreu hoje à tarde (30), aos 88 anos, no Hospital Premier, na capital paulistana. 

O velório ocorre até às 10h desta quinta-feira (31) no Hospital Premier (Av. Jurubatuba nº 481 – Vila Cordeiro), na zona sul paulistana, e, a partir das 12h, no auditório Vladimir Herzog, sede do SJSP (Rua Rego Freitas nº 530 – Sobreloja – Vila Buarque), na região central. A cremação será no Cemitério Vila Alpina e o horário da cerimônia será divulgado assim que definido pela família. 

Alagoano nascido em Tanque D’Arca, Audálio foi responsável não só pela retomada da direção da entidade fazendo oposição à ditadura civil-militar, como enfrentou o regime reforçando a denúncia do “suicídio” do jornalista Vladimir Herzog, forjado pelos agentes da repressão na tentativa de esconder o assassinato de Vlado sob tortura, em 1975, nos porões do Doi-Codi.

A partir da morte de Herzog, Audálio fez surgir o movimento que despertou e fortaleceu a sociedade brasileira para derrubada do regime militar.

Ele foi o primeiro presidente eleito por voto direto da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e deputado federal pelo PMDB (hoje MDB) de São Paulo na década de 1970. Como jornalista, Dantas trabalhou nas  revistas O Cruzeiro e Quatro Rodas e no jornal Folha da Manhã.

Dantas era casado com Vanira Kunc e pai de quatro filhos.

Jornalista

Audálio começou sua carreira jornalística em 1954, como repórter do jornal “Folha da Manhã” (atual “Folha de S.Paulo”). Cinco anos depois, foi para a revista “O Cruzeiro”, onde foi redator e chefe de reportagem.

Também trabalhou em diversas publicações da Editora Abril, entre elas editor de turismo de “Quatro Rodas”, correspondente de guerra em Honduras para “Veja” e a prestigiada “Realidade”. Foi chefe de redação da revista “Manchete” e editor da “Nova”.

Durante uma apuração sobre a favela do Canindé, ainda para a Folha da Manhã, Audálio conheceu Carolina de Jesus, moradora local que registrava um diário sobre seu cotidiano de pobreza. As reportagens escritas pelo jornalista mudaram a vida de Carolina, que mais tarde viria ser uma escritora reconhecida, publicando livros no Brasil e no
exterior, como “Quarto de Despejo”, de 1960.

Em 1981 recebeu o Prêmio de Defesa dos Direitos Humanos da ONU por sua atuação em prol da defesa dos direitos humanos. Em 1983, foi presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj).

Foi diretor-executivo da revista Negócios da Comunicação, da Editora Segmento MC, de junho de 2008 a dezembro de 2014, quando passou a dedicar-se à produção de eventos culturais.

Lançou diversos livros, entre eles “As duas guerras de Vlado Herzog”, em que conta como o jornalista foi vítima dos nazistas na Iugoslávia, nos anos 1940, e das forças de repressão da ditadura militar brasileira.

 

Entre os grandes momentos da carreira de Dantas, está a entrevista que Guimarães Rosa não quis lhe conceder durante o lançamento de Grande Sertão Veredas, em São Paulo, em 1956. “De plantão”, o repórter fez anotações sobre as dedicatórias e conversas entre o escritor e seus admiradores, escrevendo seu primeiro texto premiado logo no início de carreira.