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De Olho no Mundo

13 de maio de 2021
Palestinos se esquivam de granadas lançadas no entorno da mesquita de Al-Aqsa | Foto: Ahmad Gharabli / AFP

O conflito entre israelenses e palestinos preocupa o mundo e é o destaque das notas internacionais desta quinta-feira (13). A cientista política Ana Prestes também comenta a situação na Colômbia, a negociação de dívidas da Argentina, o ataque hacker ao maior oleoduto nos EUA, o projeto de lei que extingue o licenciamento ambiental no Brasil, a realização (ou não) dos Jogos Olímpicos no Japão, a movimentação de Guaidó na Venezuela e a eleição da nova Assembleia Constituinte no Chile

A agressão israelense contra palestinos continua sendo uma grande preocupação em todo o mundo. Ontem (12) houve reunião do Conselho de Segurança da ONU, mas a delegação dos EUA bloqueou a aprovação de uma resolução que pedia o fim das hostilidades. As investidas do governo Netanyahu começaram no final de semana com o impedimento aos árabes de Jerusalém oriental de realizarem as atividades de celebração do dia de Al-Quds (Jerusalém) que marca o fim do Ramadã na esplanada das mesquitas, nas proximidades da mesquita de Al-Aqsa, e o desalojamento forçado de famílias palestinas do bairro Sheikh Jarrah. Houve reação dos palestinos na Faixa de Gaza, comandados pelo Hamas, com disparos de foguetes em direção ao lado israelense. O Hamas já havia se pronunciado ao dizer que “não há linha vermelha se Al-Aqsa for violada”. Há notícias de 7 israelenses mortos e 80 feridos. A contra-ofensiva israelense foi com bombardeios que já deixaram 84 mortos, sendo 17 crianças, e 480 feridos, segundo dados do Ministério da Saúde da Palestina divulgados pela Aljazeera. Um prédio de 13 andares foi derrubado por bombas lançadas dos aviões israelenses sobre a Faixa de Gaza. Várias companhias aéreas dos EUA e da Europa interromperam seus voos para Tel Aviv. O governo israelense, comandado por Benjamin Netanyahu insiste que Jerusalém seja reconhecida apenas como a capital do Estado judaico e isso tem trazido reações por parte de árabes não palestinos residentes em Jerusalém. Neste momento Gaza está absolutamente cercada e bloqueada e é iminente o esgotamento de alimentos e combustível. Uma delegação do governo do Egito teve conversações com a direção do Hamas e neste momento está em Israel na tentativa de mediação de um cessar-fogo. O chanceler do Egito, Sameh Shoukry, e o chanceler da Rússia, Sergey Lavrov, já se pronunciaram pedindo que Israel pare com os ataques a Gaza. Lavrov também propôs uma reunião entre EUA, União Europeia, Rússia e Nações Unidas para uma mediação. A Palestina teria eleições no próximo dia 22 de maio, como já comentamos aqui nas Notas, mas provavelmente serão adiadas.

Legenda: Palestinos se esquivam de granadas lançadas no entorno da mesquita de Al-Aqsa | Foto: Ahmad Gharabli / AFP

Novas marchas ocorreram ontem (12) na Colômbia, convocadas pelo comitê nacional da paralisação. A convocação foi feita após o fracasso das negociações com o governo Duque na última segunda (10), que contou com a presença de representantes da ONU e da Igreja Católica. Segundo um dirigente sindical que participou da reunião, o governo não cedeu em nenhum pedido de desmilitarização dos pontos de protestos. A situação ficou ainda mais tensa com a comoção que tomou o país em torno da confirmação da morte de Lucas Villa Vásquez, de 37 anos, também na última segunda-feira (10). Lucas havia recebido oito disparos durante uma manifestação do dia 5 de maio em Pereira, no estado de Risaralda. A Esmad, que é uma força policial específica “anti-distúrbios” da Polícia Nacional colombiana, voltou a reprimir violentamente os protestos na Praça Bolívar em Bogotá, capital do país. Mobilizações ocorreram também em Medellín, Cali, Bucaramanga, Barranquilla, Pereira, Yopal, Cartagena, Neiva, Putumayo e outras cidades espalhadas pelo país. Os protestos pedem renda básica de um salário mínimo para as famílias mais vulneráveis à pandemia, retirada do projeto de Lei da Saúde, defesa da produção nacional e fim da repressão às manifestações. Não há consenso sobre o número de mortes fruto dos ataques do governo às manifestações desde 28 de abril. O governo, através de sua ouvidoria de direitos humanos, admite 26 mortes, a organização Human Rights Watch fala em 38 óbitos e o Instituto Indepaz relata que 47 pessoas foram assassinadas.

Homenagem a Lucas Villa, baleado e morto em manifestação | Foto: Gustavo Torrijos

O presidente da Argentina, Alberto Fernández, terminou uma viagem à Europa para buscar apoios ao seu governo no processo de negociação das dívidas que seu país herdou após a passagem do governo Macri com o FMI (US $45 bilhões) e o Clube de Paris (US $2,4 bilhões). Ele passou por Lisboa, onde recebeu apoio do governo português. Esteve na Espanha, onde se reuniu com o rei Felipe VI e com o premiê Pedro Sánchez, de quem também recebeu apoio. Inclusive, Sánchez deve fazer uma visita pessoal à Argentina nos dias 8 e 9 de junho. Depois da Espanha, Fernández foi a Paris, onde se reuniu com Macron e a Roma, onde foi recebido pelo governo e pelo Papa Francisco. Por onde passou, Fernández também pediu apoio para a quebra das patentes das vacinas contra o coronavírus como forma de combater a pandemia de modo mais eficiente.

Alberto Fernández, da Argentina, e Emmanuel Macron, da França, com suas mulheres em Paris em 12 de maio de 2021 | Foto: Divulgação/Governo da Argentina

Nos EUA, durante o último final de semana, um ataque de hackers interditou o maior oleoduto do país, que transporta mais de 2,5 milhões de barris de óleo por dia, e roubou mais de 100 GB de informações. Diante da situação, foi necessária a declaração de estado de emergência em 17 Estados da costa leste. A emergência permite o transporte de combustíveis por via rodoviária sem restrições de horários. Enquanto a empresa controladora do oleoduto, Colonial, tenta reabrir suas operações, o governo Biden tem se concentrado em encontrar os responsáveis pelo ataque e a Rússia já foi citada. Ontem (11) a embaixada da Rússia nos EUA se pronunciou e negou qualquer participação no ataque virtual.

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Ontem (12) a Câmara dos Deputados do Brasil aprovou o PL 3729/2004 que praticamente extingue o licenciamento ambiental no Brasil. A aprovação já ressoou pelo mundo e pode prejudicar ainda mais a imagem que se tem do país no exterior como um “pária ambiental”. Se virar lei, o projeto pode impactar muito nas negociações já frágeis do Acordo Mercosul-União Europeia. Na prática, o projeto cria uma situação de insegurança jurídica, pois deixará de haver um parâmetro nacional para as legislações estaduais nos 27 Estados da federação.

Embora o COI faça cara de paisagem, as autoridades médicas do Japão estão cada vez mais contundentes na linha de rejeição à realização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio. Um grande sindicato médico escreveu ao governo japonês, segundo divulgação da imprensa: “nós nos opomos com força à disputa dos Jogos de Tóquio em um momento em que as pessoas em todo o mundo lutam contra o novo coronavírus”. Os médicos consideram “impossível disputar os Jogos de forma segura durante a pandemia”. O maior temor é quanto às novas variantes que podem chegar ao país junto com os atletas e suas equipes. Faltam 10 semanas para a abertura dos Jogos.

Foto: Issei Kato/Reuters

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, se pronunciou sobre as investidas de Juan Guaidó dos últimos dias de demonstrar busca de diálogo com o governo. Nas palavras de Maduro, “se ele quer (Guaidó) se incorporar aos diálogos que já estão em curso, desenvolvendo-se em todos os temas, bem vindo e que se incorpore aos diálogos que já existem”. A tentativa de diálogo se dá no âmbito da convocação de eleições pelo Conselho Nacional Eleitoral venezuelano. Serão reuniões regionais e municipais conjuntas, para eleger 23 governadores, 335 prefeitos, assim como deputados regionais e vereadores para compor as Câmaras legislativas.

O Chile se prepara para ir às urnas no final de semana. Para além dos 155 representantes que vão compor a nova Assembleia Constituinte, serão eleitos prefeitos, vereadores e pela primeira vez governadores regionais. Esse cargo de governador substituirá os “intendentes” que eram nomeados pelo presidente da República. Serão eleitos 16 governadores que serão a principal autoridade nas 16 regiões do país por um mandato de 4 anos, podendo ser reeleitos apenas uma vez. O segundo turno, para as regiões e municípios que não definirem a eleição no primeiro turno será no dia 13 de junho. Apesar da eleição direta para governador, o governo central manterá a indicação de um “delegado do governo” para cada região. Quanto aos constituintes, esta será a primeira vez em todo o mundo que se realiza uma eleição em que tanto as chapas como os eleitos terão paridade de gênero. Se dois homens forem os mais votados, a lista correrá até a mulher com mais votos.

Errata: nas notas do dia 10/05, onde se lê Al-Quds, na verdade deveria estar Al-Aqsa.