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Cinquentenário da morte em combate de Maurício Grabois

25 de dezembro de 2023

O presidente da Fundação Maurício Grabois, Adalberto Monteiro, lembra a trajetória de Maurício Grabois na ocasião dos 50 anos de sua morte

Por Adalberto Monteiro

Neste Natal, completa-se o cinquentenário da morte em combate, nas selvas da Amazonia, no sul do Pará, de um grande brasileiro, destacado dirigente do Partido Comunista do Brasil: Maurício Grabois. Morte em combate contra as tropas da ditadura militar, ele, Maurício Grabois, Comandante da Guerrilha Araguaia, mais importante episódio da resistência armada da esquerda, das forças patrióticas contra a truculência da ditadura, por democracia, por liberdades.

O nome de Grabois está na lista de dezenas de desaparecidos políticos. É que os órgãos de repressão da ditadura, além de torturar e assassinar os seus opositores e opositoras, cometeram outro crime hediondo: o de mutilar, incinerar, ocultar os corpos de suas vítimas, na macabra tentativa de enterrar, em esquife de chumbo, as atrocidades perpetradas e, também, a memória e o legado dos heróis e heroínas que tombaram para que, em 1985, viéssemos a respirar os ares democracia.

Nesta noite de 18 de dezembro, no auditório da sede nacional do PCdoB, na cidade de São Paulo, ergue-se um altar de honra para celebrar a memória de Grabois. E, entre as formas de enaltecê-la, se realça disseminar seu legado, nele presente suas ideias, suas elaborações políticas e teóricas, focadas na construção da revolução brasileira.

Nisto se reveste a importante iniciativa de Igor Grabois, neto de Maurício, de tomar para si a tarefa de organizar o livro Maurício Grabois, textos reunidos, uma coletânea de artigos e discursos criteriosamente escolhidos, parte deles de difícil acesso ao público. Este livro vem à luz agora no formato digital e, em breve, impresso, numa parceria da Fundação Maurício Grabois com duas editoras: Anita Garibaldi e Livraria e Livraria e Editora Ciências Revolucionárias.

Salve, salve, portanto, o lançamento da obra Maurício Grabois, textos reunidos.

Camaradas, amigos, amigas:

Em 17 de março de 1986, foi inaugurado o Instituto Maurício Grabois, transformado em Fundação em 2008. O nome do nosso patrono veio de uma decisão da direção do Partido Comunista do Brasil, com João Amazonas à frente, uma justa denominação para essa Instituição de formação de militância revolucionária, de pesquisas e estudos da realidade brasileira e mundial, tendo em vista a conquista do socialismo, e a memória, documentação e história dos comunistas brasileiros e do movimento operário e popular.

Grabois desenvolveu múltiplas atividades no Partido, desde que nele ingressou na sua juventude. Foi talentoso organizador, jornalista, publicista, escritor e parlamentar, sempre em atividades de combates por democracia, desenvolvimento e progresso social. E quando a história assim exigiu, trocou a caneta pelo fuzil.

Vejamos alguns traços marcantes da elevada estatura política e revolucionária de Maurício Grabois.

No início da década de 1940, desempenhou papel chave na realização da Conferência da Mantiqueira, que reestruturou a legenda comunista em razão da criminosa e implacável perseguição empreendida pela repressão do Estado Novo. Neste período, se dedicou também a divulgação das ideias do Partido, primeiro mantendo em circulação o jornal A Classe Operária e depois com as revistas Renovação e Continental.

Foi também um dos principais organizadores da campanha pela Constituinte de 1946, para a qual se elegeu, tornando-se em seguida líder da bancada comunista na Câmara dos Deputados. Ao mesmo tempo, dedicou-se a criar editoras e periódicos partidários, produzindo uma grande quantidade de textos, muitos presentes nessa obra lançada hoje. Enfrentou também o autoritarismo do governo Dutra, na tribuna na Câmara e em combates nas ruas e praças.

O ideólogo, o polemista da rica tradição leninista, se agiganta na arena de ideias do 5º Congresso do Partido Comunista do Brasil quando se trava contundente debate contra ideias reformistas e revisionistas. Grabois formando um trio com João Amazonas e Pedro Pomar, entre outros marxistas-leninistas, numa tomada de posição que abarcou convicção revolucionária, coragem política e sagacidade, organizaram a Conferência Extraordinária de 1962, que garantiu a continuidade revolucionária do Partido Comunista do Brasil.

Quando a ditadura militar sepultou a democracia e impôs um regime de terror, Maurício Grabois, que fora escolhido como líder por aquela épica bancada parlamentar de 1946, agora seria escolhido pela direção do PCdoB para ser o comandante a Guerrilha do Araguaia.

O tema família é algo caro ao povo brasileiro. Uma referência à família de Grabois. Os irmãos também se aproximaram do Partido, dando exemplos de compromissos com a causa a que Maurício Grabois se dedicou. Assim como a esposa Alzira, a filha Vitória e o filho André, que também deu a vida na luta do Araguaia, além do genro Gilberto Olímpio. Igor, o organizador do livro que agora está sendo lançado, como já disse, é neto, filho de Vitória e Gilberto.

A contemporaneidade marcada por um capitalismo superado historicamente, que envolve e arrasta o mundo a guerras e múltiplas crises, um capitalismo que há muito destrói o planeta e não consegue dar respostas às necessidades dos povos e da classe trabalhadora, quando se impõe a busca por alternativas – e essa alternativa é o socialismo –, o legado revolucionário de Maurício Grabois se realça de importância. 

Adalberto Monteiro é jornalista e poeta. Presidente da Fundação Maurício Grabois e Secretário de Formação e Propaganda do PCdoB.

Pronunciamento feito no lançamento do livro digital “Maurício Grabois –textos reunidos”, organizado por Igor Grabois, em 18 de dezembro, último.