Queda da economia acentua-se. Impedir nova recessão é missão impossível, diz Roubini
O indicador avançado da OCDE aponta que em Junho passado as principais economias do mundo continuaram a dar sinais de abrandamento e que Portugal acentua a queda.
Desde o início do ano, a actividade económica em Portugal vem caindo mensalmente, segundo este índice, que em Junho recuou para 99,9 pontos, o valor mais baixo desde Dezembro de 2009. Esta queda constante de Portugal aponta para agravamento da crise até ao final de 2011, pelo menos, aumentando a pobreza e piorando as condições de vida da maioria da população.
A nível mundial, o abrandamento já se verificava na maior parte das economias, à excepção dos Estados Unidos. Em Junho, a queda foi geral, incluindo os EUA. As maiores quedas verificaram-se no Brasil (1,1 pontos percentuais), Índia (0,9), Itália (0,7), França e Alemanha (ambas com quedas de 0,6 ponto percentuais).
Em artigo publicado no jornal”Financial Times” desta segunda feira, o economista Nouriel Roubini considera que o mundo atravessa “uma crise de solvência, assim como de liquidez” e conclui afirmando que “uma nova recessão pode não ser evitável, mas a política pode impedir uma segunda depressão”.
O economista diz que até ao ano passado os responsáveis mundiais podiam sempre “tirar um coelho da cartola”, mas que “agora já não há coelhos para tirar da cartola”. E alerta que o risco da Itália ou da Espanha – ou de ambas – deixarem de ter acesso aos mercados da dívida é agora “muito elevado”, porém ao contrário da Grécia, de Portugal e da Irlanda, “estes dois países são demasiado grandes para serem resgatados”.
Nouriel Roubini defende que os bancos centrais introduzam estímulos à economia e que, na zona euro, o BCE deixe de subir as taxas de juro, devendo mesmo reduzi-las a zero. O economista considera que o BCE começou a subir juros e travou compra de obrigações soberanas cedo demais e propõe que a instituição faça “compras em larga escala de dívida pública”, em especial da Itália e da Espanha.
Roubini considera, contudo, que mesmo estas medidas não passam de paliativos e que como a crise é “de solvência, assim como de liquidez”, vai ser necessário “um processo ordeiro de reestruturação da dívida na zona euro e nos EUA”.
O economista propõe que nos Estados Unidos a dívida do crédito à habitação malparado seja reduzida a metade e dadas ajudas aos norte-americanos que têm dificuldades em pagar os empréstimos. Em relação à UE, propõe que as novas condições para a dívida grega – prazos mais dilatados e juros mais baixos – devem ser estendidos a Portugal, à Irlanda e também à Itália e à Espanha.
Roubini alerta por fim para o aumento do risco de guerras monetárias.
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Fonte: Esquerda.net