Logo Grabois Logo Grabois

Leia a última edição Logo Grabois

Inscreva-se para receber nossa Newsletter

    Comunicação

    Vertigens da Cidade

    A cidade é palco de uma guerra insana poucas vezes santa A cidade é sonho de que só se desperta na canção da treva Nela se vive de esperar que o amanhã nos traga um amanhã mais leve Tribos se cruzam, insones, no transe de viajar na transa dos desejos Mal amanhece, e em suas […]

    POR: Redação

    2 min de leitura

    A cidade é palco
    de uma guerra insana
    poucas vezes santa

    A cidade é sonho
    de que só se desperta
    na canção da treva

    Nela se vive de esperar
    que o amanhã nos traga
    um amanhã mais leve

    Tribos se cruzam, insones,
    no transe de viajar
    na transa dos desejos

    Mal amanhece,
    e em suas ruas rugem
    milhares de bólidos semoventes

     
    Na pressa de viver,
    todos vão aos seus compromissos
    como em espécie de rito – ou vício.

    Na normose de sermos nevróticos
    vamos cruzando com outros neuróticos
    “Na hora espandongada do almoço”

    em que somos consumidos
    pela fome pantagruélica dos desejos
    jamais saciados

           II

    Quando não é o futuro
    a ser conquistado,
    é o passado a ser esquecido

    Há sempre um olhar
    de desespero ou medo
    a esperar, nos sinaleiros

    Ou vem incendiar o dia
    um olhar aceso de esperança
    ou cheio de ilusões vazias

    Quando não é a busca vã
    do essencial emprego
    é o desespero de perdê-lo

    Mais densa a treva de existir
    quando vemos entrar em oblívio
    aquilo que nos mantinha vivos

    Vertiginosa e violenta é a cidade,
    Babel de línguas e despistes,
    “espaçonaves, guerrilhas”,

    em triviais combates
    que ao mesmo tempo nos matam
    e nos alimentam.

     Brasigóis Felício, é goiano, nasceu em 1950. Poeta, contista, romancista, crítico literário e crítico de arte. Tem 36 livros publicados entre obras de poesia, contos, romances, crônicas e críticas literárias.

    Notícias Relacionadas