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    Comunicação

    Carvão

    A gengiva de ouro devora a vasta planície: ardem copas, flores, palmas, pássaros incandescentes.   O fogo anoitece a terra e a secreta vontade do fruto.   Coivaras industriais reorganizam o cerrado para submetê-lo à tirania produtiva dos homens.   Mues olhos cansados miram a tarde que morre e registram ruínas de árvores que exigem […]

    POR: Redação

    1 min de leitura

    A gengiva de ouro
    devora a vasta planície:
    ardem copas, flores, palmas,
    pássaros incandescentes.
     
    O fogo
    anoitece a terra
    e a secreta vontade do fruto.
     
    Coivaras industriais
    reorganizam o cerrado
    para submetê-lo
    à tirania produtiva dos homens.
     
    Mues olhos cansados
    miram a tarde que morre
    e registram ruínas de árvores
    que exigem o silêncio da alma
    como catedrais tombadas.
     
    Ardem os ossos das árvores:
    o verde derrotado,
    o fulgor da labareda,
    a palha, a cinza, antigas certezas
    pulverizadas,
    a potassa exposta à viração.
    A busca feroz do carvão.

     
                                       

    Pedro Tierra (de "O Porto submerso")

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