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    Comunicação

    Penélope

    te recordo, Penélope teu grito de “venha” costurado a sangue descosido a relho em noites de indene solitude, saudade sal e idade queimando a pele vida frustrada, Penélope meu poema como uma colcha feita de teus retalhos feito teu tapete amado intocável ilusões de ótica tecidas na trama da paciência (em tantos anos era possível […]

    POR: Redação

    2 min de leitura

    te recordo, Penélope
    teu grito de “venha”
    costurado a sangue
    descosido a relho
    em noites de indene
    solitude, saudade
    sal e idade queimando a pele
    vida frustrada, Penélope
    meu poema como uma colcha
    feita de teus retalhos
    feito teu tapete amado intocável
    ilusões de ótica tecidas
    na trama da paciência
    (em tantos anos era possível escrever a bíblia)
    tenho-te ódio Penélope
    por teu trabalho doído
    por teu amor moído
    em que tinhas certeza
    e a certeza é a irmã da morte
    melhor seriam drogas
    melhor seria rolar-se de amor
    melhor seria bacanizar a existência
    eis o tempo dos assassinos
    ah, Penélope, coisa sem graça
    amar traidor
    herói feito de água e vento
    vinho, musas e ouro
    homérico antibiótico
    como dói, pasmacenta costureira
    saber que o amor não existe,
    que não adiantaram tuas tramas
    não, não celebro teu cérebro
    teus trapos de humilhação
    amarração de uma história
    que sempre coadjuvarás
    assim como eu
    tricotando letras
    com a negra vermelhidão
    dos fios de meu rancor diuturno
    feito de veneno e ruínas

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