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    Comunicação

    Os poetas

    Vejo-os na feira e são muitos. Cada qual a vender o seu pescado. Atrás do balcão, Lá estão, desajeitados. Para viver são obrigados ao que mais odeiam E menos sabem. O ofício é mais avaro. Os trabalhadores do mar Ao menos de seu trabalho vivem. Já os poetas sequer a arte os alimenta. É preciso […]

    POR: Adalberto Monteiro

    2 min de leitura

    Vejo-os na feira e são muitos.
    Cada qual a vender o seu pescado.

    Atrás do balcão,
    Lá estão, desajeitados.
    Para viver são obrigados ao que mais odeiam
    E menos sabem.

    O ofício é mais avaro.
    Os trabalhadores do mar
    Ao menos de seu trabalho vivem.
    Já os poetas sequer a arte os alimenta.
    É preciso mil outros dons
    E uma centena de outros ofícios.

    Mas perseverantes, lá estão eles.
    Cada qual com seu pescado
    E uma pequena legião de admiradores,
    O seu reinado.

    Não buscam dinheiro, não buscam a fama,
    Tampouco a glória.
    Glorioso é o próprio ofício:
    São os construtores da alma.

    Sabem que a tarefa de humanizar o homem,
    Não está completa.
    Sabem que é necessário tornar
    Novamente cristalina a água.
    Sabem que cada poema é um grama do sal
    De que necessita o oceano.

     

    As delícias do amargo & uma homenagem: poemas
    Adalberto Monteiro
    Editora Anita Garibaldi – edição 2005

    Adalberto Monteiro, Jornalista e poeta. É da direção nacional do PCdoB. Presidente da Fundação Maurício Grabois. Editor da Revista Princípios. Publicou três livros de poemas: Os Sonhos e os Séculos(1991); Os Verbos do Amor &outros versos(1997) e As delícias do amargo & uma homenagem(2007).