Finalmente, os deuses têm humor. Aposto que deram gostosas gargalhadas lá em cima no Olimpo quando ouviram nossa decisão de proclamarmos o primeiro semestre de 2010 ano durante o qual a esperança toda de ação para se limitar a mudança climática morreu durante o mais quente período temporal registrado até o momento.

É óbvio que não podíamos adivinhar a tendência da média de temperatura mundial pela experiência de apenas um ano. A nossa ignorância sobre a mudança climática aproveitam todos aqueles que negam o superaquecimento do planeta, destacando um não habitual ano quente no passado: “Sabem, o planeta não está se aquecendo. Ao contrário, se resfria desde 1998!”.

Na realidade, o ano de 2005, e não o de 1998, foi o ano mais quente até hoje. Mas, a essência é que as temperaturas recorde que enfrentamos neste período nos trouxeram em uma alternativa contrária.

Será que alguns daqueles que não reconhecem o problema da mudança climática aceitarão que cometeram erro e corresponderão ao convite para ação climática? Não. E o planeta continuará se assando.

Por que então o Senado dos EUA não concluiu a aprovação da legislação destinada a enfrentar os efeitos da mudança climática? Mas, vamos falar primeiro sobre tudo aquilo que não provocou o fracasso, porque muitos tentaram acusar por engano seres humanos.

Inicialmente, não ficamos inertes por causa de dívidas científicas. Todos os dados – médias de temperatura para grandes períodos temporais, volume do gelo do Pólo Ártico, derretimento de geleiras, analogia das temperaturas recorde mais altas em relação com as temperaturas recorde mais baixas – mostram a incessante e eventualmente acelerada elevação de temperatura da Terra.

Os cientistas estão de acordo que as atividades humanas alteram o clima da Terra. Certamente, todos devem ter ouvido sobre as acusações que alguns lançam contra os pesquisadores do clima – escândalo que tornou-se conhecido com o nome de “Climategate” – quando dados “fabricados” sobre a evolução do clima foram lançados na Internet pela Unidade de Pesquisas Climatológicas (CRU).

O tema sobre o qual vocês talvez não foram informados, por causa da pequena divulgação que mereceu, é que cada um dos supostos escândalos foram atribuídos pelos adversários da ação sobre o aumento mundial de temperatura e mais tarde avançaram por intermédio dos veículos de comunicação. Vocês não podem acreditar que tudo isso está acontecendo.

Será que as reações para a consequência econômica que o projeto de lei teria sobre o clima impediram a ação ecológica? Não. Desde sempre foi engraçado acompanhar os conservadores atribuindo elogios à ilimitada força e flexibilidade dos mercados e vê-los insistindo de que a economia despencaria se se tratasse de definir um limite contra a emissão do dióxido de carvão.

Contudo, todas as avaliações sérias propõem para regularmos nossa produção de acordo com os limites de emissão dos gases com objetivo a limitação do efeito estufa. E consideram que a repercussão sobre o crescimento econômico será muito pequena.

Se a responsabilidade não é da Ciência, dos cientistas ou dos interesses econômicos que impediram a ação contra a mudança climática, então de quem é? A resposta é “os suspeitos habituais”: a insaciabilidade humana e a covardia.

A economia não se prejudicaria consideravelmente em seu total se fixássemos um limite máximo de emissão de dióxido de carvão. Somente determinadas indústrias, principalmente as carboníferas e petrolíferas.

Na realidade seriam prejudicados os cientistas e os políticos, que são financiados – estes por seus programas de pesquisa e, aqueles por suas campanhas políticas – por estas colossais empresas.

Entretanto, sozinha a força do dinheiro não venceria se não fosse apoiada pela covardia. E mais especificamente pela covardia dos políticos, porque eles conhecem a dimensão da ameaça que o aumento mundial de temperatura paira sobre o nosso planeta em consequência do efeito estufa.

Abandonam os esforços para a ação ambientalista no momento mais crítico. Existem diversos covardes assim, mas, permitam-me a escolher um específico: o senador John Mc Key.

Houve uma época quando o senhor Mc Key tentou alavancar a governança ambientalista. Em 2003 criaria um sistema para o acompanhamento das emissões de gases que contribuem para a formação do efeito estufa.

Reconfirmou seu apoio para um sistema assim durante sua campanha pré-eleitoral para as eleições presidenciais e tudo poderia ser muito diferente hoje se continuasse apoiando a ação climática, enquanto, seu adversário político estava na Casa Branca. Mas não o fez.

Infelizmente, o senhor Mc Key não estava sozinho. Não haverá nenhum projeto de lei para o clima. Atrás da insaciabilidade que triunfa, a covardia apunhala. Agora o mundo inteiro pagará o preço.