Se eu tivesse um verso agora
o que poderiam as daninhas contra mim ou a favor?
Se eu tivesse um verso agora
esta falta de sementes no horizonte,
estes papéis cabisbaixos, estas tontas ruas,
estas pernas quietas e ombros não me manteriam calada,
sem ar,
sem tambores para as mãos,
sem eira nem beira. Sem.
O que sinto é um verso sem língua,
a poesia sem boca na pronúncia de palavras
e me torce a alma e aprimora os modos de vir ao chão
medos tão incalculáveis.
Como resolver as dobras? Como espantar os escuros
e destampar o vão da noite para o dia clarear?
Se eu tivesse um verso agora,
Seriam as palavras, certas…
Mas nem lembrei.

Marta Eugênia é Especialista em Linguística e Professora de Língua Portuguesa na cidade de Arapiraca em Alagoas.