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    Quem sabe, quem sabe, ah, quem sabe se fui eu que fugi ou se me abandonaram à beira de qualquer estrada. Que terras meus olhos desbravaram, que mundos vi, para ser esta saudade de tudo, uma dor de tudo, de tudo morrer e renascer em mim! Em que porto estes músculos suaram à sombra de […]

    POR: Fernando Namora

    2 min de leitura

    Quem sabe, quem sabe,
    ah, quem sabe
    se fui eu que fugi
    ou se me abandonaram
    à beira de qualquer estrada.
    Que terras meus olhos desbravaram,
    que mundos vi,
    para ser esta saudade de tudo,
    uma dor de tudo,
    de tudo morrer e renascer em mim!
    Em que porto estes músculos
    suaram à sombra de guindastes,
    que terra áspera e quente a minha enxada rasgou,
    de que barco fui piloto
    e de que pátria emigrante
    para sentir as dores que estão fora de mim?
    Quem me deu alma de cigano
    e me lançou ao vento
    à espera de festim?

    Homens da terra e do mar,
    duros, de dentes vidrados,
    gritando o futuro
    e sempre crescendo;
    – quem me pôs à frente da guerra,
    ébrio de uma luta
    que não aprendo?
    Homens de longe, estranhos,
    esmagando as larvas do celeiro;
    – onde vos animei
    embora com a pobreza das palavras?
    Em que pátria fui vosso companheiro?

    Ah, quem sabe
    porque esta minha voz enrouqueceu,
    esta minha voz que provou o amargo das escarpas
    – e gostou!
    Quem sabe se um encanto me fez nómada,
    nu, faminto e descalço como os mais
    ou se todas as almas
    esta minha alma penada violou?

    Blog Poesia … e Martini
    Publicada por Cláudia Pinho

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