PREFÁCIO:

      Como não tenho o dom de fazer viola nem de tangê-la; tive ajuda do Altíssimo para revelar um sentimento dela; a Viola Caipira.

      Esta poesia é dedicada a todos que AMAM o Brasil como eu amo e a todos que se interessam em conhecer os símbolos do Brasil.
 
           
               OFICINA DE UM FABRICANTE DE VIOLA DE PINHO-SOROCABA (SP)

Côs braço cheio de fita,
Ainda me acho bonita,
Meu pená ninguém atina
Mêmo amarrada de imbira,
Não lamento minha sina:
-Sô a viola caipira!.

Imbora vancê se admira,
Mêmo pindurada num prego,
Minhas lembrança carrego,
-Queria que vancê me afina.

Eu ia sempe em festança,
Animava véio e criança,
Das veiz eu era levada,
Nos bordé e nos velório,
Com amor era tocada,
Por um matuto simplório.

Me alembro das noite,
Daquelas festa de reis,
Tocava pra Deus menino,
Cantavam, batiam sino:
-Quanta coisa que nóis fez!.

Nas festa de São João,
Eu era admirada,
Animava todo mundo,
Junto com verso e poesia,
Meu dono as corda tangia,
E eu tinía um som profundo.

Agora amarrada num prego,
Esta é a cruz que carrego,
Eu vivo no desamô,
Me alembro do dotô matuto,
Seu pai, junto a meu regaço,
Anseio por seu abraço:
-Pode me tocá, seu dotô!

POSTFÁCIO

                                          
                            VIOLA CAIPIRA SOFISTICADA-“VIOLA DE QUELUZ”

      Cláudio Alexandrino é mineiro, compositor e o "maior" colecionador de violas caipiras antigas e artesanais de que se têm notícias e é conhecido como "Caçador de Violas".

      No momento sua coleção conta com 110 preciosidades, algumas da época do império e feitas na antiga cidade "Queluz de Minas", hoje conhecida como Conselheiro Lafaiete/MG, conhecidas então por "Violas de Queluz". Este modelo seguia a antiga viola que era confeccionada desde o século XV em Portugal, com cravelhas de madeira (cavalete trabalhado), e a trasteira, ou escala (madeira onde se fixam os trastos) e toda marchetada com flores, pássaros e arabescos. A técnica de incrustação dominava a criação dos artistas em um estilo decorativo com muita beleza, seguindo as regras do estilo rococó, por isso pode ser considerada uma obra de arte, sendo que esse modelo de viola ganhou prêmios nacionais e também internacionais. A coleção conta com violas com mais de cem anos.

      Cláudio Alexandrino começou sua coleção em 2001 e desde então trouxe para a mídia a história destas lindas violas que até Dom Pedro II descreveu com detalhes em seu diário quando de sua passagem por Queluz de Minas em direção a Ouro Preto em 1881, pois ficou extasiado com a beleza e o som que elas emitiam. A finalidade da coleção é levar ao conhecimento a todos aqueles que apreciam este rico instrumento, o som, a história e a cultura que ele nos traz.

Antônio Carlos Affonso dos Santos – ACAS. É natural de Cravinhos-SP. É Físico, poeta e contista. Tem textos publicados em 7 livros, sendo 4 “solos e entre eles, o Pequeno Dicionário de Caipirês e o livro infantil “A Sementinha” além de três outros publicados em antologias junto a outros escritores.