"O objectivo é continuar a luta contra as políticas de direita, os sucessivos PEC (Plano de Estabilidade e Crescimento), os cortes nos salários dos trabalhadores, o aumento das horas de trabalho, o trabalho precário, o desemprego.

Recentemente o PSD veio ameaçar apresentar novos projectos de lei que aumentam a precariedade, como solução para a crise que vivemos", comenta, preocupado, João Pedro Luna, militante de base do partido. E recupera as bandeiras de Francisco Lopes na campanha presidencial: é preciso apostar na produção nacional, diz, "para sermos menos dependentes, deixarmos de ser cobaias da União Europeia e libertarmo-nos das influências dos lobbies".

Sentem que é com o seu partido que podem contribuir para a mudança. "Ainda hoje o PCP é o único partido que defende a classe dos trabalhadores", diz João Oliveira, um jovem que se filiou no partido antes do pai. É de Ourém, "uma terra tradicionalmente de empresários e de direita".

Considera que, "quando não se sente as dificuldades na pele, é mais difícil ser-se solidário". Admite que a crise actual pode propiciar esse sentimento. Alerta que a crise está a afectar muitas famílias: ficou espantado com a quantidade de colegas na Faculdade de Direito, que considerava terem uma boa situação económica, que não conseguiram pagar as propinas. Mas preocupa-o a resignação da população, expressa na elevada abstenção registada nas últimas presidenciais.

Também Rita Governo diz ser necessário incentivar os jovens. "Hoje as coisas estão muito mascaradas. Talvez seja esse o maior desafio: é preciso fazer ver que as coisas estão relacionadas, que tudo está relacionado com a política. Se há problemas com as bolsas de estudo, alguém tem a responsabilidade, é preciso mostrar isso", alerta.

Foram os problemas que sentiram na escola que os levaram a escolher o PCP. "Eram os únicos que exigiam de uma maneira muito firme uma mudança na política educativa, o respeito e defesa pelos direitos dos estudantes", conta Rita Rato. Dedicam-se especialmente às questões da educação, mas através do partido têm uma visão global da sociedade.

"Hoje já não lutamos contra o salazarismo. Talvez contra o socratismo…", ironiza Tiago Martins, enquanto explica que os problemas actuais podem não ser exactamente iguais aos que marcaram décadas passadas do partido.

Mas o Partido Comunista Português vai manter-se "na vanguarda da luta pelos trabalhadores, junto dos mais desfavorecidos". Vai ser uma tarefa difícil, mas acreditam na força do partido. "Acho que o papel do PCP será crucial na intervenção, para que o povo veja assegurados os seus direitos e tenha uma vida melhor", diz Cátia Lapeiro, que veio viver para Lisboa para integrar o secretariado da direcção nacional da juventude comunista.

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Fonte: jornal Público