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    Comunicação

    Corpo e Alma

    Tento dormir, mas minha consciência não. Boto uma meia quente, cubro a cabeça. Minha consciência anda descalça no asfalto áspero e frio Sua cabeça brilha úmida pelo sereno da madrugada. Tento relaxar meu corpo cansado e dolorido, Enquanto minha consciência tropeça aflita Em pessoas que dormem na rua, Nos cães famintos encolhidos debaixo de marquises. […]

    POR: Eliana Ada Gasparini

    2 min de leitura

    Tento dormir, mas minha consciência não.
    Boto uma meia quente, cubro a cabeça.
    Minha consciência anda descalça no asfalto áspero e frio
    Sua cabeça brilha úmida pelo sereno da madrugada.

    Tento relaxar meu corpo cansado e dolorido,
    Enquanto minha consciência tropeça aflita
    Em pessoas que dormem na rua,
    Nos cães famintos encolhidos debaixo de marquises.

    Fecho janelas anti ruído, pagas à prestação,
    Mas, minha consciência não se prende a este conforto
    E escuta lamentos de florestas derrubadas
    E miados de gatos no cio.

    Encolho as mãos debaixo do travesseiro
    E seus dedos enregelados reviram os sacos de lixo
    À cata de moedas de troca,
    Retiram escombros, abrem feridas.

    Tomo um chá reconfortante, de hortelã e cidreira.
    Ela padece de boca seca e persegue a sede do mundo.
    Quer resolver os rios que secam,
    E salvar as baleias da caça que dizima.

    Minha consciência fica remoendo desentendidos,
    Recitando filosofias, desenhando políticas,
    Escrevendo pensamentos cruéis e poéticos.
    Preciso descobrir como se faz uma consciência dormir.

    Professora

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