Soledad Barret Viedma
Em 08 de janeiro fez 35 anos que Soledad Barret Viedma foi assassinada. Ela era militante da VPR – Vanguarda Popular Revolucionária e estava grávida de 7 meses. O pai da criança assassinada ainda em seu ventre era o controverso Cabo Anselmo: o próprio delator de seu esconderijo em uma chácara no loteamento de São Bento, no município de Paulista, em Pernambuco. Junto com outros companheiros de guerrilha, Eudaldo Gomes da Silva, Pauline Reichstul, Evaldo Luís Ferreira de Souza, Jarbas Pereira Marques e José Manoel da Silva, que são torturados e mortos pelo assassino profissional a serviço da ditadura, delegado Sérgio Paranhos Fleury do DOPS Paulista, amigo de Erasmo Dias, que faleceu recentemente sem responder a um processo sequer. O episódio ficou conhecido como “massacre da chácara São Bento”.
Fora casada anteriormente com José Maria Ferreira de Araújo, desaparecido e provavelmente assassinado, responsável por sua vinda para o Brasil. Viveu na Argentina e no Uruguai, onde foi raptada por um grupo néo-nazista que a colocou em um automóvel e, sob ameaças de todos os tipos, quiseram obrigá-la a gritar palavras de ordem totalmente contrárias às suas idéias. Ela se negou e então, com uma navalha lhe gravaram na carne uma cruz gamada, símbolo de Hitler e a abandonaram em um local escuro, atrás do parque zoológico de Villa Dolores. Para a polícia uruguaia, também vivendo em época de ditadura, foi considera não vítima, mas culpada. Sua situação era insustentável. Um dia conheceu José Maria, se amaram e tiveram uma filha, mas o destino estava traçado, e ele retornou a seu Brasil. Ela acabou por vir um ano mais tarde. A filha de Soledad vive hoje em Santa Catarina.
Os torturadores e assassinos crivaram de balas os cadáveres dos seis combatentes, jogaram várias granadas na casa da referida chácara, com o objetivo de aparentar um violento tiroteio, dizendo que lá se realizava um suposto congresso da VPR. Na versão oficial, constava que José Manoel da Silva teria sido preso e conduzido os policiais até o local onde se realizava o congresso, sendo morto pelos próprios companheiros durante a invasão. No tiroteio travado, teria conseguido escapar Evaldo Luís Ferreira de Souza que, no dia seguinte, foi localizado no município de Olinda, numa localidade chamada “Chã de Mirueira” – Jatobá, e ao resistir à prisão, teria sido morto. Segundo ainda a nota, só Jarbas Pereira Marques teria morrido no local, sendo que os outros morreram, em conseqüência dos ferimentos recebidos.
Na realidade, todos foram presos pela equipe do delegado Sérgio Fleury, que os torturou até a morte, na própria chácara.
Fonte: Tortura Nunca Mais