Na transição de gerações, existem os jornalistas experientes, servindo de referência e de moderação para os mais apressados. Cabe a essas figuras referenciais ensinar os limites entre jornalismo e ficção, o respeito aos fatos e as técnicas que permitam tornar as matérias atraentes sem apelar para a ficção ou para os ataques difamadores. Principalmente, cabe a eles mostrar os valores universais da civilização, o respeito ao direito sagrado da reputação, o pressuposto de que as acusações precisam vir acompanhadas de provas ou indícios relevantes, o direito de se ouvir, sem viés, a defesa do acusado, o uso restrito do jornalismo declaratório.

A questão é que esse meio campo está com lacunas.

O episódio Orlando Dias mostrou jornalistas consagrados, que deveriam fazer o contraponto, ajudando a criar o clima de expectativa em cima das capas de Veja. São jornalistas que estão fartos de saber que a revista não segue princípios jornalísticos, que mente, difama, blefa, que promete provas que nunca aparecem. Mas não se pejaram de aproveitar o embalo para atacar adversários históricos.

Outros jornalistas, com história e credibilidade, preferiram recolher-se ao seu próprio trabalho, pela notória impossibilidade de remar contra uma tendência irreversível de consolidação do jornalismo de esgoto.

Fazem bem em se poupar e não tentar remediar o irremediável.

Fonte: Luis Nassif Online