Nos telegramas, diplomatas e políticos do país europeu proliferam elogios à cúpula militar brasileira e até simpatia em torno dos ideais defendidos pelo regime. O embaixador suíço no Brasil acabaria sequestrado no Rio de Janeiro e sua libertação foi condicionada ao fim prisão para 70 dissidentes políticos que estavam detidos pelo regime, a maior troca feita durante o período da ditadura.

Documentos oficiais encontrados no arquivos da diplomacia suíça mostram que quatro meses depois do golpe militar no Brasil, os suíços assumiram a responsabilidade de representar os interesses do governo de Castello Branco em Havana. O mandato foi renovado em 1966 e 1968, de acordo com outros telegramas que também apontam a mesma função da Suíça em prol da Casa Branca em Havana ou do governo de Israel em Teerã.

Se oficialmente a posição dos suíços era de neutralidade, o intercâmbio de cartas entre a cúpula suíça revela que o regime não era questionado por suas violações aos direitos humanos no Brasil. Já os elogios eram generosos. O marechal Odílio Denis é classificiado como “venerável”. Já Castello Branco seria de uma “integridade absoluta” e de uma “cultura nitidamente acima da média de outros oficiais”.

Em seu telegrama de 1966, o embaixador suíço no Brasil, Giovanni Bucher, chegava a apontar que Castello Branco assumiu “com seriedade” a tarefa de “levar o País à normalidade constitucional”. Para Bucher, a “revolução” havia sido “fácil”.

Quatro anos depois, o mesmo Bucher acabaria sendo sequestrado por grupos de oposição armada no Rio de Janeiro, liderados por Carlos Lamarca. Ao ser sequestrado, tentou argumentar que ele não era americano.

A negociação para seu resgate levou mais de um mês e o diplomata acabou liberado só depois que o regime aceitou transferir 70 presos políticos para o Chile. Na madrugada de 14 de janeiro de 1971, os prisioneiros políticos embarcariam para Santiago. Bucher seria liberado e voltaria pouco tempo depois para a Suíça.

Fonte: Estadão.com.br