Procissão para Chover


Lembro cruzes, estranhamente fincadas,
À beira das interioranas estradas,
Lembrando a morte de um certo andarilho.
-A vida é dura pra quem a leva nos trilhos!

 

Sequidão na boca e no solo sedento.
Ressequidas lavouras que frescor não têm… .
Lembro as procissões de chover, sol a pino.
Lembro as rezas e hinos, lembro alguém!

 

De joelhos em plena estrada de terra arenosa,
Deixei um gemido de dor, que o calor provoca,
Lancei água sobre as cruzes, das quais tinha medo…

 

De joelhos na vida velhice que chega receosa,
Lembro-me menino a dizer reza que invoca,
Em São Pedro o poder de fazer chover mais cedo…

 

 

Antônio Carlos Affonso dos Santos – ACAS. É natural de Cravinhos-SP. É Físico, poeta e contista. Tem textos publicados em 7 livros, sendo 4 “solos e entre eles, o Pequeno Dicionário de Caipirês e o livro infantil “A Sementinha” além de três outros publicados em antologias junto a outros escritores.