O SR. MAURÍCIO GRABOIS – Sr. Presidente, a data de 7 de novembro já pertence, sem dúvida, a toda humanidade progressista.

Há vinte e nove anos, na Rússia Tzarista, o povo, tendo à frente o seu combativo proletariado, realizava uma revolução, acabando com a opressão e a tirania ali reinantes e, ao mesmo tempo, abrindo nova era para a história da humanidade. Todo o cidadão livre e democrata hoje, no mundo, comemora a efeméride, que assinala um glorioso marco no progresso dos povos.

A revolução de outubro foi acontecimento e tal envergadura que trouxe para o mundo novas perspectivas de vida. Como a Revolução Francesa, a Revolução Socialista significou uma profunda transformação social. A burguesia russa foi derrotada e o proletariado assumiu o poder. Os brasileiros compreendem o significado da data de 7 de novembro, não somente como acontecimento relativo ao povo soviético, mas, tal qual o 14 de julho, como data de toda a humanidade. E, o povo brasileiro, já no ano de 1917 via na Revolução Soviética o início de novos tempos.

Assim, os trabalhadores do Brasil, em 1919, através da União dos Metalúrgicos do Distrito Federal, realizavam uma grave de protesto de 24 horas contra a intervenção de potências capitalistas na União Soviética.

Isto significava que os trabalhadores do Brasil enxergavam, na luta dos trabalhadores da União Soviética, sua própria luta, porque a classe operária da URSS estava naquele instante, defendendo os interesses do proletariado mundial.

Hoje, após a grande guerra de libertação dos povos contra o fascismo, já não se observam, de maneira tão acentuada, aqueles preconceitos relacionados com o regime socialista, tão comuns nas calúnias fascistas que impressionavam, por vezes, até homens honestos. Após a segunda grande guerra, quando o povo soviético deu mostras de inigualável heroísmo e magnífica combatividade, tornou-se mais fácil compreender a grande revolução lá realizada.

Sr. Presidente, é mais do que justo este voto de congratulações com o povo e o governo soviético, porque, desta maneira, estaremos estreitando os laços de amizade com esse país, que marcha na vanguarda da civilização contemporânea, e que se empenha na recuperação de sua vida normal, tão prejudicada pela guerra.

Todos aqueles que acompanharam os últimos acontecimentos mundiais sabem o que representou a invasão fascista na URSS, conhecem o vulto das devastações, os assassinatos e as torturas, e que o povo soviético teve cerca de 25 milhões de baixas.

Sr. Presidente, por outro lado, a União Soviética é um do baluartes da defesa da paz no mundo. Coerente com a sua política tradicional de defesa da paz e da independência das pequenas nações, é hoje um dos pilares da civilização, baseada nas relações pacíficas entre os povos.

É do entendimento cada vez maior entre as três grandes potências – Inglaterra, Estados Unidos e União Soviética – que depende a tranquilidade entre as nações.

A bancada comunista, neste Parlamento, compreende a necessidade de reafirmar, de defender sempre os postulados democráticos e, portanto, intransigentemente, a paz e a democracia. Por isso louva a política exterior da URSS.

É preciso, nesta hora, em que o mundo emergiu de uma guerra de libertação, extirpar os remanescentes do fascismo, que ameaçam a segurança dos povos.

Sabemos que, como resultante desta guerra, o fascismo foi militarmente derrotado, e, no entanto, focos fascistas, a serviço do imperialismo ainda persistem, perturbando a paz tão duramente conquistada.
Devemos lutar, portanto, por uma perfeita colaboração entre os povos.

Os votos da minha bancada são no sentido de que o Brasil e a URSS estreitem cada vez mais suas relações, não somente no campo diplomático, mas também no terreno econômico e cultural, porque daí advirão grandes benefícios para os dois povos e para a garantia da paz. (Muito bem. Palmas).