O amálgama resultante do resultado dos embates eleitorais de 2012, das consequências jurídicas e políticas do julgamento da Ação Penal 470, o dito “mensalão”, e os impactos da grande crise mundial do capitalismo sobre economia nacional, forma uma torrente que irá sulcar o chão novo de 2013.

A vitória eleitoral da base aliada aumentou a força gravitacional do governo da presidenta Dilma Rousseff. Fato relevante para manter essa base coesa, atrair novos aliados, assegurar a governabilidade e, sinalizar, competitividade para a sucessão de 2014. Sobretudo, PT, PSB, PCdoB e PDT saíram fortalecidos e nesse arco da esquerda, se ressalta o razoável crescimento do PSB que projetou nacionalmente, seu presidente, governador Eduardo Campos. Ao centro, o PMDB manteve seu robusto peso político. A presidenta Dilma Rousseff fortaleceu sua liderança e o ex-presidente Lula voltou com vigor ao palco das lutas. A oposição constituída pela trinca PSDB-DEM-PPS embora derrotada segue viva na arena.

Mas se a “meteorologia”, com base nesse resultado, não pode prognosticar um Ano Novo de geadas e borrascas para o campo político da presidenta Dilma, também, não permite a boa notícia de céu azul e ventos brandos.

Explica-se.

Mais uma vez as eleições demonstraram que a oposição não se resume àquela citada “trinca”. Na verdade, há um sistema de oposição formado por partidos, pela plutocracia reacionária, pelo conservadorismo das camadas enriquecidas das classes medias e pelo poder manipulador do monopólio dos meios de comunicação. O poder destrutivo desse sistema (com a grande mídia à frente) agiu a toda carga no processo eleitoral, explorando ao máximo o julgamento do “mensalão” contra o PT e demais forças progressistas.

Ainda não se fecharam as cortinas do grande espetáculo jurídico que a grande mídia, com a complacência da maioria do Supremo Tribunal Federal (STF), transformou o julgamento AP 470 para já ecoarem as primeiras vozes que destoam do rumor de uma maioria eficazmente forjada que se regozija, a exemplo de cenas de outrora, com as labaredas da fogueira.

Juristas, lideranças políticas e sociais alertam para o fato de que a fumaça da lenha que ainda arde, oculta um ataque às garantias individuais consagradas na Constituição: a exigência de provas para condenação e a presunção da inocência. Com as demais instâncias do Judiciário se espelham nas decisões do STF, instaurou-se uma apreensiva expectativa de que esse desrespeito às garantias se alastre ferindo o Estado Democrático de Direito.

A direita no afã de desmoralizar o PT e as demais forças progressistas, de macular a liderança do ex-presidente Lula, não hesita em golpear dispositivos que são indispensáveis ao ordenamento democrático. Em consequência, a defesa da democracia volta à pauta política: ampliá-la sempre, restringi-la jamais!

Outro vetor a considerar é o impacto da denominada “grande recessão” do capitalismo sobre o Brasil. A presidenta Dilma Rousseff, ao contrário do que reza o credo neoliberal, enfrenta as adversidades com uma diretriz expansionista. A taxa básica de juros foi reduzida a um índice significativo, há um esforço para que o câmbio favoreça a indústria  e foram adotadas medidas para manter a oferta de empregos. Mas, apesar dessa conduta correta, o Produto Interno Bruto (PIB), neste ano, terá um crescimento, por volta, de apenas 1,5%, menor, portanto, do que a marca de 2,7% de 2011. Este fato desafia a presidenta Dilma a adotar novas medidas e iniciativas na esfera da economia e, também, da política. A exemplo de outros momentos de emblemática dificuldade para o país, é imperativo desencadear uma grande mobilização, liderada pela própria presidenta, em busca de um desenvolvimento forte para o próximo ano.

Manter a base política e social coesa, neutralizando as ações da oposição que visam dispersá-la, é uma tarefa de primeira grandeza para o governo. Com base nesta unidade, mobilizar a nação por mais desenvolvimento e mais democracia, parece ser o caminho para conter a investida da direita e abrir caminho para uma quarta vitória do povo na sucessão presidencial de 2014.