Renato Rabelo, presidente nacional do Partido, deu o tom. As gestões comunistas têm a marca da amplitude política, do impulso ao desenvolvimento nas cidades e à partcipação política do povo. Isso equivale a constituir uma força social e política larga de sustentação aos esforços que serão empreendidos.

Nesse sentido, uma questão ressalta. Há uma mudança de qualidade nas condições para constituir uma grande força do PCdoB nesses municípios. Quer dizer, um forte e verdadeiro partido comunista de massas, como parte do esforço para dar perspectivas mais fundas e duradouras a essa experiência de poder local.

Na verdade, isso é uma exigência para alcançar os propósitos da nova administração e, ao mesmo tempo, uma oportunidade ímpar, dadas a condição dos prefeitos de líderes políticos comunistas prestigiados da cidade. Isso pode acarretar uma perspectiva de reeleição, mas não só: relaciona-se também com o fortalecimento da luta política encampada pelo PCdoB no quadro nacional, mormente nas eleições próximas, em 2014. Confirmar uma alta votação aos comunistas e reforçar politicamente a legenda nesse momento é uma necessidade tanto na esfera local quanto na esfera nacional e estadual. A eleição no meio do mandato é sempre um desafio: confirma a força do prefeito ou enfraquece sua base de sustentação. Temos quatro anos para empreender esse esforço, mas ele então precisa começar já, para ter incidência em 2014.

Não é o prefeito, em princípio, que arca com a responsabilidade mais direta no esforço prático de organizar o partido, porque sua base é multipartidária e precisa governar para todos. Se a gestão serve ao povo, principalmente aos mais necessitados do poder público, o partido precisa organizar o povo. Mas o prefeito lidera politicamente e, sem seu concurso, os esforços ficam estéreis.

Segue-se aí a linha nacional político-organizativa do PCdoB mas, repita-se, em condições excepcionalmente positivas. Há experiência muito bem-sucedida em Olinda, onde os comunistas já vão para o quarto mandato consecutivo. Na raiz desse êxito, esteve a constituição de um PCdoB municipal de cerca de 4000 filiados e mais de 1000 militantes, estreitamente ligados à pauta política da gestão, mas com protagonismo próprio na vida da cidade.

A condição primeira é fortalecer o comitê municipal, política e organizativamente, para encabeçar um conjunto de medidas planejadas para um partido comunista de massas. Isso precisa se dar em correlação com a pauta política da gestão da cidade e alcançar dar-lhe sustentação nas amplas camadas populares. Os encarregados, na administração, pelas secretarias de governo ou articulação com a base de sustentação, ou os próprios prefeitos, precisam manter informado o partido da pauta de governo em cada momento e ouvir as opiniões do partido. As iniciativas do governo no concernente a medidas populares amplas, que mobilizem o povo, são uma base para o partido amplie relações com esses segmentos e busquem organizá-los politicamente.

Por sua vez, o partido precisa ter uma comunicação direta com o povo, inclusive com órgãos informativos próprios, para travar a luta de ideias e a organização política do povo. Uma logística organizativa precisa ser posta em ação, para sair dos pequenos círculos de influência e estender o alcance da ação partidária. Movimentos políticos de base, ligado aos desafios da cidade e à linha política nacional do partido, são as formas mais apropriadas para dar a conhecer o PCdoB e atrair um sem número de novos partidários para suas fileiras. Uma marca partidária precisa ser elaborada, não se confundindo com a da própria gestão. Campanhas de filiação ainda este ano, que é ano de Congresso, são necessárias. Falamos, no caso, de filiações aos milhares em municípios como Belford Roxo, Contagem, Jundiaí, Barra Mansa etc, como ocorreu em Olinda. E, notoriamente, é a ocasião para amplo esforço de formação de massas, com o Curso do Programa Socialista, bem como com a formação de quadros no espírito da política do partido e de seus compromissos com o Programa Socialista.

Enfim, há um novo terreno a conquistar e o papel da direção municipal precisa se soerguer política e organizativamente. Não se pode diluir o partido na gestão, nem tampouco desguarnecer de quadros a direção partidária. Não se pode perder de vista as autonomias relativas entre prefeitos, gestores comunistas e a própria organização partidária, com sua direção. Bem concatenados por uma linha política e de massas, entretanto, esses esforços se somam.

A luta política hoje conhece um acirramento e a disputa pela hegemonia é muito intensa. O PCdoB precisa se situar com acerto nessas condições, principalmente com respeito às eleições de 2014. A questão de aproveitar as conquistas alcançadas para a construção de um forte partido comunista de massas nessas cidades está em relação direta com o projeto partidário para 2014. As votações pretendidas para os candidatos em 2014 precisa mudar de patamar e esse esforço começa desde já, fortalecendo o partido nesses municípios.

Essa foi uma conclusão da reunião anual da Comissão Nacional de Organização neste mês de janeiro. Uma reunião nacional será promovida com as grandes cidades onde se conquistou os governos, para trocar experiências e promover projetos pilotos para essa construção partidária intensiva, após a reunião do Comitê Central em março próximo. É um ano de Congresso partidário – onde se tonificam as fileiras militantes – e de preparação do projeto eleitoral de 2014. Os municípios onde se alcançaram o governo precisam encabeçar desde já esses preparativos.

*Walter Sorrentino é secretário nacional de Organização do Partido Comunista do Brasil (PCdoB).