ELEGIA
A memória de meu Pai.

 

 

Minhas mãos caíram tristes
sôbre os teus olhos sem vida,
e fecharam tuas pálpebras
com ternura comovida.

 

Minhas mãos caíram tristes
nos teus cabelos velhinhos,
onde os anos derramaram
neve fria dos caminhos.

 

 

Minhas mãos caíram tristes
sôbre as tuas mãos defuntas,
em cruz paradas no peito,
e inúteis, embora juntas…

 

Minhas mãos desceram tristes
sobre as alças do caixão,
e com outras te levaram
para a terra do perdão.

 

 

Minhas mãos cobriram tristes
meu olhar que não chorou,
quando um homem sem piedade
na parede te fechou.

 


Minhas mãos voltaram tristes
e caídas para o chão.
Vejo lenços que me acenam…
Tudo inútil, tudo vão.

 

Minhas mãos agora sentem
muito mais que o coração.
Minhas mãos estão mais tristes
do que um morto no caixão.  

 

 

 

Lila Ripoll
Antologia Poética
Editora Leitura S.A