Organizado por Aloísio Sérgio Barroso e Renildo Souza, a obra contém um amplo leque de análises, que compreende nomes destacados da academia brasileira, pesquisadores que se dedicam a entender e explicar o complexo mundo da economia. Como diz Luiz Gonzaga Belluzzo no belíssimo prefácio da obra, essa “rica coletânea de textos de excelente qualidade (…) se inscreve no rol das mais instigantes e abrangentes contribuições à vasta literatura internacional sobre o tema”.

São palavras que remetem à reflexão. O grande desafio teórico para quem pesquisa esse tema é decifrar o código da economia de crise. E isso não está em nenhum livro em particular. Trata-se de um caminho que, como no ditado, precisa ser desbravado à medida que se caminha. Desconsiderar essa premissa equivale a sair à cata de mitos na tentativa de fugir da realidade.

Essa obra, portanto, não é apenas mais uma do balaio de gatos dos ditos “gurus da economia” que frequentam a mídia para repetir fórmulas e frases feitas. As ideias contidas no livro diferem substancialmente dos conceitos voláteis que são propagadas por gente que ganha a vida montando frases de efeito e expelindo perdigotos para vender uma realidade falseada, prática tão comum nos dias que correm.

Ela é, antes de qualquer outra coisa, produto de pesquisadores que se destacam como portadores do pensamento social. Em cada artigo, o leitor encontrará interpretações consistentes. Ao final da leitura, fica a certeza de que o livro radiografou o essencial da crise e gerou novas interpretações da realidade, criou novos paradigmas e equações para entender e explicar o que ocorre no complexo mundo de hoje. Por tudo, esta obra precisa ser estudada. Por sua originalidade, pela seriedade e consistência, porque está bem escrita.

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Leia a apresentação do livro, de Aloísio Sérgio Barroso e Renildo Souza:

Este é um livro sobre o mais importante acontecimento da história econômica dos últimos 70 anos. A presente crise do capitalismo é um divisor de águas. Malgrado vieses da usual fixidez conceitual, seus fetiches – e semânticas – deve-se vê-la transfigurada daquela devastadora e súbita dos anos 1930. Ademais, passou a condição de referência central para as futuras configurações geopolíticas e geoeconômicas. Depois de cerca de seis anos do seu início, a análise das origens, causas e necessidade da atual crise torna-se um objetivo fundamental para a compreensão do capitalismo contemporâneo.

Buscam-se então as trilhas das respostas fundamentais à cena econômica mundial: quais foram os mecanismos econômicos que levaram à crise? Como foi a operação desses mecanismos? Como evoluíram os atuais impasses mundiais, no contexto das grandes transformações produtivas e financeiras das últimas três décadas? Quais os impactos no mutante sistema de relações internacional? Quais são as perspectivas econômicas, incidentes sobre um já grave quadro de assimetrias de toda ordem, oriundas do apogeu neoliberal?


Este livro também enseja o contributo de 20 pesquisadores (as) brasileiros (as) da Economia Política, de nível elevado e diversificado, aqui militantes duma labuta intelectual no Sudeste, Nordeste, Sul e Centro-Oeste, além dos convidados de fora do Brasil (Portugal e Inglaterra). Seguramente plural, as análises apresentam explicações profundas e consistentes sobre a crise, escoimam as teorias econômicas convencionais, ortodoxas, que oferecem apenas surpresa, incredulidade e alegorias opacas reiterando suas justificativas ideológicas na estabilidade, no equilíbrio e autorregulação dos mercados, espelho duma superioridade natural e eterna do capitalismo.

Convictos estamos, assim, que as variadas teorizações aqui vicejantes são uma contribuição avançada dum pensamento crítico multifacético. Na medida do possível, esperamos que os textos sirvam para uma análise percuciente da grande crise atual – esta, um transe espetacular e periculoso do regime do capital –, com inédito impacto na vida dos trabalhadores e na soberania das nações. Do mesmo modo, ensejamos que essas ideias retemperem nosso vigor e inspiração para os combates anticapitalistas, na ordem do dia.