Honrar a memória de Mandela preservando a unidade do povo
Na noite passada, milhões de pessoas na África do Sul, entre as quais a maioria da classe operária e dos pobres, junto ao bilhões de seres humanos que habitam o planeta, perderam um verdadeiro revolucionário, o presidente Nelson Rolihlahla Mandela, “Tata Madiba”.
O Partido Comunista Sul-africano se associa aos sul-africanos, como aos demais povos do mundo, exprimindo as mais sinceras condolências à senhora Graça Machel e a toda a família de Mandela pela perda daquele que o presidente Zuma apresentou justamente como o maior dos filhos da África do Sul, o Companheiro Mandela.
Queremos nesta ocasião exprimir nossa solidariedade ao Congresso Nacional Africano, uma organização que o forjou e à qual ele serviu de maneira louvável, junto com os seus camaradas e companheiros do nosso movimento d e libertação.
Como dizia Madiba: “não são os reis e os generais que fazem a história, mas as massas, os povos, os trabalhadores, os camponeses”.
O desaparecimento do Companheiro Mandela assinala o fim da vida de um dos maiores revolucionários do século 20, que combateu pela liberdade e contra toda forma de opressão, no seu país e em escala mundial.
Como parte das massas que fazem a história, a contribuição do Companheiro Mandela à luta pela liberdade foi dada e forjada no pertencimento à direção coletiva do nosso movimento de libertação nacional dirigido pelo Congresso Nacional Africano – e por isto não foi uma contribuição isolada.
Tivemos no Companheiro Mandela um soldado bravo e corajoso, um patriota e um internacionalista que, retomando o mote de Che Guevara “foi um grande revolucionário guiado por um grande sentimento de amor” pelo próprio povo, uma marca de todos os autênticos revolucionário s populares.
No momento de sua prisão, em agosto de 1962, Nelson Mandela não era somente membro do Partido Comunista Sul-africano, então clandestino, mas era também membro de nosso Comitê Central.
Para nós, comunistas sul-africanos, o Companheiro Mandela será sempre o símbolo da contribuição monumental do Partido Comunista Sul-africano à nossa luta de libertação. A contribuição dos comunistas à luta pela liberdade dos sul-africanos é dificilmente igualada na história do nosso país.
Depois da sua libertação, em 1990, o Companheiro Madiba permaneceu um grande e estreito amigo dos comunistas, até o seu último suspiro.
A lição importante que nós devemos aprender de Mandela e da sua geração de dirigentes, está no seu empenho pela unidade baseada sobre os princípios em cada uma das formações da nossa Aliança [Congresso Nacional Africano, Partido Comunista Sul-africano e a central sindical classista COSATU ], pela unidade da nossa Aliança em seu conjunto e pela unidade de todo o movimento democrático de massa.
A sua geração lutou para construir e cimentar a unidade da nossa Aliança, e por isto nós devemos honrar a memória do Companheiro Madiba preservando a unidade da nossa Aliança.
Que se lembrem disso aqueles que não compreendem quanto sangue foi derramado para conservar a unidade da nossa Aliança, para que não manchem a herança e a memória de pessoas da têmpera de Mandela, pondo em jogo de maneira reprovável a unidade da nossa Aliança.
O Partido Comunista Sul-africano tem defendido o empreendimento da reconciliação nacional feito por Madiba. Mas a reconciliação nacional para ele nunca significou evitar contrapor-se às desigualdades de classe, sociais, na nossa sociedade, como hoje alguns tentam fazer crer.
Para Madiba, a reconciliação nacional representava uma plataforma para alcançar o objetivo da construà �ão de uma sociedade sul-africana mais igualitária, liberta do flagelo do racismo, do patriarcado e das desigualdades mais evidentes.
E uma verdadeira reconciliação nacional não será jamais alcançada em uma sociedade ainda caracterizada pelas desigualdades que se aprofundam e pela exploração capitalista.
Em homenagem a este grande combatente, o Partido Comunista Sul-africano intensificará a luta contra todas as formas de desigualdade, inclusive intensificando a luta pelo socialismo, a única solução política e econômica aos problemas que a humanidade enfrenta.
Para o Partido Comunista Sul-africano, o desaparecimento de Madiba deve oferecer a todos os sul-africanos que não aderiram a uma África do Sul democrática e que sempre de um modo ou outro demonstraram nostalgia do período da dominação branca, uma segunda possibilidade de inserir-se em uma África do Sul democrática fundada sobre o princípio das regras da maioria.
Façamos um apelo a todos os sul-africanos a fim de que se inspirem no seu exemplo de abnegação, de sacrifício, de empenho e de serviço prestado ao povo.
Os comunistas dizem: “Hamba kahle Mkhonto!” (Descanse em paz, combatente da libertação!)
O Partido Comunista Sul-africano, em 6 de dezembro de 2013