No dia 24 de maio às 14 horas – num dos tradicionais Sábados Resistentes – haverá debate e lançamento da segunda edição em fac-símile do “Livro Negro da Ditadura Militar”, cuja primeira edição foi publicada e distribuída clandestinamente no auge da ditadura militar pelo grupo revolucionário Ação Popular (AP). O evento ocorrerá no Memorial da Resistência do Estado de São Paulo (Largo General Osório, 66, na Luz) e está sendo promovido pela Fundação Maurício Grabois, Núcleo de Preservação da Memória Política e o próprio Memorial. 

Falam sobre essa experiência os jornalistas Duarte Pacheco Pereira, Carlos Azevedo e Bernardo Joffily. Todos envolvidos na elaboração da primeira edição do livro em 1972 e destacados militantes da imprensa clandestina e alternativa entre os anos 1960 e 1980. A mediação ficará a cargo do jornalista Milton Bellintani, representando o Núcleo Memória. Depois haverá a sessão de autógrafos.

Entre os apoiadores do evento se encontram o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo, Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, União da Juventude Socialista (UJS), União Nacional dos Estudantes, União Estadual dos Estudantes (UEE-SP), União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) e União Paulista dos Estudantes Secundaristas (UPES).

O título e o racismo

Naturalmente, o ovimento de combate ao racismo aponta para a impropriedade do título da obra relançada pela Anita Garibaldi-Grabois: “Livro negro da ditadura militar”. No entanto, os autores já sabiam do problema que o título poderia ocasionar na atualidade e, por isso, resolveram abrir o encarte que acompanha a edição em fac-símile com a seguinte advertência:

“O título Livro Negro em nossos dias geraria compreensível repúdio. O movimento antirracista, que emergiu com força na fase final da ditadura, conseguiu banir esse tipo de associação da palavra ‘negro’ com ‘cruel’ ou ‘tenebroso’. Que o leitor do século 21 julgue o título de 1972 com tolerância, recordando que naqueles tempos esse debate nem existia, era sufocado, como tantos, pelo tacão ditatorial”.

Por sinal, nos anos seguintes, esses militantes que compuseram o livro tiveram um grande papel para que o mal fosse corrigido. O livro foi publicado e distribuído clandestinamente em 1972 e trata-se de uma reedição histórica integral com todas as suas grandes qualidades e deficiências.

O Livro negro da ditadura
Em 1972, a ditadura iniciada em 1964 chegava ao seu ápice. Nunca se torturou, assassinou e censurou tanto. Justamente naquele ano foi publicado o “Livro Negro da Ditadura Militar”. Iniciativa do grupo revolucionário Ação Popular (AP), ele é um caso único na saga da resistência antiditatorial: um livro-denúncia inteiramente pesquisado, escrito, impresso e distribuído na mais completa clandestinidade e que causou grande impacto no país e no exterior.

Quando o Brasil assinala o cinquentenário do golpe militar, é oportuno que as novas gerações o conheçam. Com sua capa eloquente, obra de Elifas Andreato, e suas 200 páginas de denúncia viva, ele captura em flagrante delito as atrocidades que a ditadura cometia em nosso país.

A presente edição, produzida numa parceria entre a Editora Anita Garibaldi e a Fundação Maurício Grabois, traz em fac-símile o “Livro Negro”, tal e qual ele circulou em sua época. A obra também vem acompanhada de um livreto com depoimentos daqueles que foram responsáveis pelo corajoso trabalho de publicação em 1972: Bernardo Joffily, Carlos Azevedo, Divo e Raquel Guisoni, Duarte Pereira, Elifas Andreato, Jô Moraes e Márcio Bueno Ferreira.

Em nossos tempos de Comissões da Verdade, a releitura do “Livro Negro da Ditadura Militar” ajuda a esconjurar para sempre aquele passado sombrio, e cimentar a convicção democrática do povo brasileiro: golpe, ditadura, nunca mais!

CONFIRA A PROGRAMAÇÃO DO EVENTO

14h: Boas vindas – Kátia Felipini (Coordenadora do Memorial da Resistência de SP)
Coordenação – Milton Bellintani (Diretor Executivo do Núcleo de Preservação da Memória Política)

14h30: Palestras
– Duarte Pacheco Pereira (jornalista, escritor, formado em Direito, professor universitário na Bahia e em São Paulo. Foi vice-presidente da União Nacional dos Estudantes-UNE entre 1963 e 1964 e dirigente nacional da Ação Popular entre 1965 e 1973)
– Carlos Azevedo (jornalista, escritor, passou pelas redações de diversos jornais e revistas antes de entrar na clandestinidade, que durou de 1971 a 1979. Foi um dos fundadores da revista Realidade e participou do jornal independente Movimento)
– Bernardo Joffily (jornalista, vice-presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas-UBES, exilado na Albânia entre 1974 e 1979, onde participou da Rádio Tirana. Militante do PCdoB, foi eleito em 2005 para o Comitê Central do partido)

16h: Debate com o público

17h: Sessão de autógrafos
Esta programação tem o apoio do Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo, Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, União da Juventude Socialista (UJS), União Nacional dos Estudantes (UNE), União Estadual dos Estudantes (UEE-SP), União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) e União Paulista dos Estudantes Secundaristas (UPES).
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Os Sábados Resistentes, promovidos pelo Memorial da Resistência de São Paulo e pelo Núcleo de Preservação da Memória Política, são um espaço de discussão entre militantes das causas libertárias, de ontem e de hoje, pesquisadores, estudantes e todos os interessados no debate sobre as lutas contra a repressão, em especial à resistência ao regime civil-militar implantado com o golpe de Estado de 1964. Os Sábados Resistentes têm como objetivo maior o aprofundamento dos conceitos de Liberdade, Igualdade e Democracia, fundamentais ao Ser Humano.