Ele dedicou, em especial, o verso “faz escuro mas eu canto, porque a manhã vai chegar” a “cada dirigente e a cada militante do PCdoB.” 

“Olhando a capa desse meu livro, eu leio o verso “faz escuro, mas eu canto, porque a manhã vai chegar”. Eu dedico esse verso a cada dirigente e a cada militante do PCdoB. Pelo muito que todos eles, na crista da onda do PCdoB, vêm fazendo, com amor e ciência, na construção de um caminho que conduza o Brasil e o seu povo ao encontro da alegria de viver”, afirmou o poeta.

O verso ainda foi tema do 14o. Congresso, ocorrido em Brasília, ilustrando a identidade visual do evento.

 

Leia a íntegra do poema:

Madrugada camponesa

Madrugada camponesa,
faz escuro ainda no chão,
mas é preciso plantar.
A noite já foi mais noite
a manhã já vai chegar.

Não vale mais a canção
feita de medo e arremedo
para enganar solidão
Agora vale a verdade
cantada simples e sempre
agora vale a alegria
que se constrói dia a dia
feita de canto e de pão.

Breve há de ser
sinto no ar
tempo de trigo maduro
vai ser tempo de ceifar
Já se levantam prodígios
chuva azul no milharal,
estala em flor o feijão
um leite novo minando
no meu longe seringal.

Madrugada da esperança
já é quase tempo de amor
colho um sol que arde no chão,
lavro a luz dentro da cana
minha alma no seu pendão.

madrugada Camponesa
faz escuro (já nem tanto)
vale a pena trabalhar
faz escuro, mas eu canto
porque a manhã vai chegar.

© THIAGO DE MELLO
In Faz escuro mas eu canto, 1965