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    Comunicação

    Estudo de nu

    Essa linha que nasce nos teus ombros, Que se prolonga em braço, depois mão, Esses círculos tangentes, germinados, Cujo centro em cones se resolve, Agudamente erguidos para os lábios Que dos teus se desprenderam, ansiosos.   Essas duas parábolas que te apertam No quebrar onduloso da cintura, As calipígias ciclóides sobrepostas O risco das colunas invertidas: […]

    POR: José Saramago

    1 min de leitura

    Essa linha que nasce nos teus ombros,
    Que se prolonga em braço, depois mão,
    Esses círculos tangentes, germinados,
    Cujo centro em cones se resolve,
    Agudamente erguidos para os lábios
    Que dos teus se desprenderam, ansiosos.
     
    Essas duas parábolas que te apertam
    No quebrar onduloso da cintura,
    As calipígias ciclóides sobrepostas
    O risco das colunas invertidas:
    Tépidas coxas de linhas envolventes,
    Contornada espiral que não se extingue.

    Essa curva quase nada que desenha
    No teu ventre um arco repousado,
    Esse triângulo de treva cintilante,
    Caminho e selo da porta do teu corpo,
    Onde o estudo de nu que vou fazendo
    Se transforma no quadro terminado.

    Poesía completa
    Editora Alfaguara
    Ano 2005