Para Dilma, PSDB detonou indústria naval
Segundo Dilma, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva promoveu uma “verdadeira Cruzada” para reativar a indústria naval brasileira, que chegou a empregar 40 mil pessoas em 1979, mas foi “detonada” e caiu para menos de 2 mil empregos em 1998, durante a gestão do tucano Fernando Henrique Cardoso. Hoje, segundo ela, o setor ocupa 45 mil empregados no país graças aos estímulos federais para a construção de navios e plataformas de exploração de petróleo e gás e para a qualificação profissional.
Dilma também afirmou que não vê necessidade de modificar o modelo que garante autonomia operacional do Banco Central. Na véspera, o pré-candidato do PSDB, José Serra, criticou o BC por não baixar os juros durante a crise econômica global, mas para a petista o sistema atual funciona bem. Questionada sobre o que o governo deveria fazer diante das denúncias de envolvimento do secretário nacional de Justiça, Romeu Tuma Júnior, com a máfia chinesa no país, ela afirmou que se ele deveria ser afastado do cargo se as acusações tiverem “fundamento”.
O restabelecimento da indústria naval brasileira começou a ser gestado no início do mandato de Dilma, então ministra das Minas e Energia, como presidente do conselho de administração da Petrobras. Na cidade gaúcha, a iniciativa do governo já resultou na construção de plataformas de exploração de petróleo e gás e na construção de um estaleiro e um dique seco que deverão ser inaugurados no fim deste mês pelo presidente Lula.
De acordo com a pré-candidata, na campanha eleitoral de 2002 o PSDB provocou uma polêmica “ácida” quando afirmou que o programa do PT era “irresponsável” por propor a reativação da indústria naval. “Diziam que o Brasil faria navios inadequados, não competitivos, e acabaria prejudicando a Petrobras”. Mas agora, segundo ela, o setor corre o risco de sofrer um “acidente de percurso”. “Depende de quem estiver à frente disso”, afirmou, numa alusão a uma eventual vitória do PSDB em outubro.
Segundo Dilma, a aposta do governo no setor, que incluiu o estímulo à descentralização dos novos estaleiros e ao aumento gradual do conteúdo local dos navios e plataformas, significou também a retomada da política de desenvolvimento industrial para o país. “Essa história de que o Brasil não pode ter uma política industrial é uma visão ultrapassada”, disse. Para ela, um eventual novo governo do PT tem condições de fazer “muito mais” porque foi o partido que criou a “base” para o crescimento atual.
Para a ex-ministra, o Brasil “dificilmente” seria respeitado apenas por ter estabilizado a economia (a partir da implantação do Plano Real, em 1994, quando FHC era ministro da Fazenda). “Somos respeitados por isso, mas também porque deixamos de ser devedores do Fundo Monetário Internacional e porque mostramos que o Brasil podia, com estabilidade, crescer, distribuir renda e melhorar a vida das pessoas”, afirmou.
A pré-candidata admitiu que não tem experiência eleitoral, mas afirmou que essa condição poderá aparecer ao eleitor como uma “lufada de ar novo numa situação mais tradicional de fazer política”. Em contrapartida, lembrou a experiência acumulada como secretária da Fazenda em Porto Alegre, como secretária de Minas e Energia em dois governos do Rio Grande do Sul e como ministra das Minas e Energia e chefe da Casa Civil do governo federal. “O carisma do presidente Lula não é passível de comparação, mas participei com ele da gestão dos principais projetos do governo”.
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Fonte: jornal Valor Econômico