Logo Grabois Logo Grabois

Leia a última edição Logo Grabois

Inscreva-se para receber nossa Newsletter

    Comunicação

    Araquiçaua: porto do Sol

    Após a sagrada hora da sesta Festa da luz na baía às cinco e meia Em ponto na praça do Relógio Sob brisa macia o Solar da Beira desperta: Tupã fez esta gente para dormir e sonhar… Depois da chuva cair Dá vontade de sair e ir a pé Até algum lugar à beira do […]

    POR: Redação

    3 min de leitura

    Após a sagrada hora da sesta
    Festa da luz na baía às cinco e meia
    Em ponto na praça do Relógio
    Sob brisa macia o Solar da Beira desperta:
    Tupã fez esta gente para dormir e sonhar…
    Depois da chuva cair
    Dá vontade de sair e ir a pé
    Até algum lugar à beira do rio-mar
    Espiar ao longe o pouso do sol
    Porto do Sal reside não longe dali
    Viagem secreta da imaginação
    Por bares, lares e outros lugares
    Oração brava da Terra sem males.

    Quebrar caroço de tucumã na boca da noite
    Mistérios do Astrocarium vulgare numa certa ilha
    Filha da Cobragrande
    Sons da primeira noite do mundo
    Ócio abaixo do equinócio vem do fundo
    Ultra aequinoxialem non peccavit
    Açaí, canhapira e bolinhos de piracuí
    Para todo mundo
    Academia do peixe frito a cantar o sol poente
    A Terra sem males a pouca distância da gente.

    O vento traz aulas de história de encontro ao cais
    A feira esconde pesos e medidas de fadigas antigas
    Velas descansam com urubus no extinto Igarapé Piry
    O velho Forte passa em revista armas e barões assinalados
    Sinos da Cidade Velha rezam Aves-Marias
    Turistas não longe daí degustam pato ao tucupi
    Só o poeta voa com os últimos raios de sol
    A ver El-Dorado trocar por ouro água do rio barrento
    Nuvens de periquitos aos gritos sobre o verde
    Grandes mangueiras sombrias são entradas e bandeiras
    Terra sem males à vista.

    Na verdade o procurado Araquiçaua tupinambá existe
    Aqui agora neste lugar a hora mágica
    Talvez amanhã o viajante audaz será capaz
    De chegar às portas do paraíso ambicionado
    Por hoje basta a preguiça e o sol a se deitar na rede
    O astro do dia vai dormir na Terra sem males.

    Não importa quantas terras prometidas e percorridas
    Quanta gente caída sobre o duro chão desta demanda
    Quantas guerras perdidas ou vencidas
    A busca há de continuar até o infinito junto às estrelas
    Agora o bom selvagem desperta e vê um pouco
    No espírito do caboco comedor de peixe e pirão de açaí
    O lugar misterioso onde o sol adormece:
    País das amazonas
    Portal da Terra sem males
    Antevisto desde o Ver-o-Peso.

     

    Belém do Pará, 07/04/2008